quinta-feira, 8 de julho de 2010

o segundo verso
é só matéria diante tudo que esqueço

ode vagabunda cheia de ódio
te abandonei pelo ócio
por minha irresponsabilidade incestuosa

não resta dúvida
o silêncio barulhava na janela do carro

pleno de sombra
oco de telhado

há uma cor em mim reclamando sua partida

nem do que sou me sujo
barco azul ancorado no lodo
peixe nadando de banda

palavra tem que ser brinquedo em minha boca

luxúria de girino
erva-doce

trago lua escondida nos olhos

chicotinho-queimado

na infância da alma
aquarela que chora

...

quero um desenho com gosto de neve
uma língua salpicada de delírio antes que anoiteça
a fome do belo colorindo o fosco

melodia onírica pra combater a monotonia do mundo
rimbaud criança com suas iluminações imperfeitas

anseio do esquecimento sua morada
fantasia geringonça na cabeça

girassol do instinto no orvalho desta hora

quarta-feira, 7 de julho de 2010

...

gralha esqueceu cachecol na árvore
dentro da sombra
convalescente do silêncio que morre

espiritualizo distância

mandioca na boca da terra

beijo com fome invisível

por isso respiro
transtornado o declínio
das castidades suntuosas