segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

crônica do país-infortúnio

tinha a porqueira do roberto
na última noite do ano com sua lenga-lenga
que incomoda até palito de dente em boca enrugada

e o mesmo papo de boteco:
se ficar rico com a mega
monto fábrica de papel higiênico só com nota de cem
e boto bastante oferenda no mar pra iemanjá ficar ainda mais obesa

bom seria um berrante em praça pública
pra espantar de vez meu pranto
por que choro pela cerimônia da ignorância
pela chuva de fogo dentro do oceano que afugenta

não vale a pena tentar

só o tétano das coisas menores
pode colorir meu rosto

sei que vou sentir nada

domingo, 30 de dezembro de 2012

vaga por demais a existência com esse muro

acaba passando dentro de mim e escorrendo pro papel
se sou favela não - mas a fartura de meu grunhido é árabe
as coisas se mistuam- se diferem - se diluem em seu próprio conceito
fica a babação de ovo - os automóveis esquecidos no brejo
o prêmio mabel de lixeratura
o hotel luxuoso de marrocos com seu paradoxo de miséria

falo de quem fala em devaneio

é bandido querendo virar playboy
é playboy querendo virar bandido
é gente fora da moldura querendo entrar
é gente dentro querendo sair

é vaga por demais a existência com esse muro

um murmurio rouco

escritor que mandou prefácio com boleto bancário
pra mim pagar com moedas de ouro seu ofício

confesso

se ganhar o jabuti do ano vou virar jagunço
beber licor de jabuticaba pelado na rua
cantar fuscão preto na flip até vomitar beleza

vai ficar lindo meu rosto suado e sujo dentro da galeria
possesso de garranchos e outras crateras    

sábado, 29 de dezembro de 2012

amor invisível - o sonho

é tempo de correria - fico aqui pensando calma e me exalto amando as bananeiras do infinito
os jogos de azar - a mega da virada - vira-lata - gente vesga estuprando as manhãs de artifício
no subsolo deste sertão explodi muito - cheiro com outras margens - voz quem trouxe
ritmos rasantes incendeiam minha cabeça - amor invisível - o sonho
diz não saber o gosto que tem - tagarela origem - livros espalhados pela mesa
desejo frequentar maceió - paulo afonso na bahia - sua cachoeira e andar de moto
coração anseia espanto - espasmo - umbigo imigrante
nada pode salvar meu surto - as palavras vão praticando em mim sua magia
vou deixando a coisa ganhar corpo - ficar sedentária e santa - saturada de brilho

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

nenhuma risada romântica

burca vermelha
meus olhos percorriam o horizonte desmiolado
um provérbio árabe:
o aroma do homem é a palavra
nos lábios da terra todo meu delírio
uma dose de arak pra ficar sóbrio
na orgia dos objetos imprevísiveis
a patifaria daquele site daquele sítio
trouxe até ternura
de repente voz reclama
o silêncio interagia com o meio
o desconhecido se apresenta
laylat alkadr
é a noite do decreto
eis a oitava estrela
ramadã de qualquer prenúncio
de qualquer prepúcio
do mesmo palestino que fala

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

aglomeradas agruras

não nada
a vontade de poder contaminou a terra
do príncipe ao plebeu tudo é solo fértil
nasce um homem nasce mais uma ilha com sua lei sua ditadura
e o acaso das vísceras fica pra outra hora
ainda hoje o desastre continua camuflado num abrigo imundo
o que vaza são vestígios de fumaça em pele estrangeira
seu babaca não trago brigadas na língua
minha esperança sempre foi precavida de espera
disse isso antes do angú virar polenta
do caroço virar fruta
só frequenta cinema quem tem pouca história pra contar
e ponto final pra continuar depois 
na frente do carrinho de pipoca ou no supermercado 
a merda é a mesma segue o mesmo curso

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ordem de devaneios insubmissos

boca-paisagem
o retrato do risco e do rastro
rainha etíope - meteoro que paira sobre a terra
ordem de devaneios insubmissos
tatua em espírito o espanto
poucos sentem pés que interrogam o chão
noite fria com toda sua volúpia e seu silêncio
mar agitado o bastante pra ser calmo
borderline dos muros
peço paz que não possuo
fruto da guerra à distância
lomografia em luto
o deboche das multidões minguadas
tudo que escrevo escarro
aprendi com os potros do desejo:
o movimento sem mufuka as vezes aqui me ofusca
vem a morte e o motivo torna-se outro
outrora aproveitemos a temporada de nossa pele em outra pele
confidenciando vertiginosas verdades
entre as protuberâncias da rima
é preciso extinguir o óbvio
deixar com que o ócio governe
estes fantasmas uma causa sem comportamento e moda
vou ligar o abajur pra iluminar a liturgia do corpo
sou uma espécie de cristo ao avesso com cara de terrorista
forte pra receber o fardo e transformá-lo em brinquedo

testamento de minhas desventuras hereditárias

adoro butô mas o buraco da vida é quase uma cratera
quando dançava frevo fraturei a costela
de lá pra cá cada qual com seus olhos e seu martírio
amanhã vão plantar flores no aterro
se voz oscila a dinâmica do mundo fica com febre nos arregaça
falta de sensibilidade é doença sinônimo de histeria homôgenica
ventriloquos da manipulaçã alheia
ainda não vou escrever o testamento das minhas desventuras hereditárias
atirar no escuro é bem mais difícil só com infra-vermelho
partidários da culpa continuam abocanhando os filhotes da balela
vi a noite se esquecendo com olhos grudados no asfalto
entrei na obra e abracei as paredes molhadas de chuva
comi feijão tropeiro na escada e pedi aos saudosistas pra esquecer a palmatória
condomínio fechado das ilusões anêmicas
agora digo:
um homem sem mistério é um homem morto
contaminado pelas vontades alheias esqueceu sua cabeça dentro da privada
continua acreditando ser herói e que tem prioridade
mas amanhã o casamento dos fatos é duvidoso
temos a novena e a novela
a propaganda e o jornal pra maquiar o ritmo real da existência
a cerimônia antológica dos sapos que jamais irão enxugar o pranto   

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

a dignidade do fuzil in-pessoa

botei meus anéis no dedo pra ficar forte
um cigano marroquino acostumado a fumar haxixe no meio da guerra
o mesmo palestino de barba que odeia o mundo
aquele favelado que botou fogo na fábrica da nike
amor...
é preciso inventar outra verdade
beber cerveja  naquele boteco cult com cara de nojo
ser poesia em tudo - em todos - os tolos que nos olham
amanhecer ao relento a- mar
e depois atacar os publicitários do medo com suas próprias artimanhas
só assim as sentinelas do sonho sobreviverão
enteder a escritura do corpo imediata-mente
o espelho - sua proeza sem promessa
a palavra com seu silêncio - cilada

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

pobre-cia

empurra-empurra lá dá creme/ era o funk sexista da rua nove
na esquina a quentura complicada de existir
dentro daquele apartamento explosivo repete
se come calado e vai botando comida por demais na boca engasga
isso de indústria cultural
é que nem poesia concreta - enganação completa
o poeta batendo punheta à serviço (à ser vício) da propaganda
tudo uma grande  merda (!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

santa dor que me invade

o mesmo texto
nunca o mesmo fato
como se fosse o casarão da memória
a graduação dos espantalhos
com suas túnicas sujas de sangue me deixou besta
o chápeu do imperador boiando no absoluto
o abraço sanguessuga de meu ócio romântico
faria uma escolha mal feita
o herói que satirizou a estrada - meia chaga
o morto na garupa da motocicleta que carrega um saco
infantes fumam pedra duas vezes na cinelândia
e você vem com perguntas esburacar meu ego
digo que nada adianta
que a dor que me invade é santa
é santa a dor que me invade ouviu 
deusa profana que me quebrou um galho
amamenta os doze leopardos
mitológica diana
que meu orgulho noutras águas se faça sem medo
e nunca tenha modo
desastre na veia da marionete barroca

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

sequela no caminho me perdi em tantos

decidi rejeitar a ilusória dor
retirar do peito esta lembrança
colocá-la em quarto de despença até ser possuída pelo mofo
o que não consigo é investigar as coisas que amo
adjetivar as incertezas daquilo que julgo
as vezes gosto da paisagem
das manhâs que sinto uma felicidade inexplicável
noutro dia nada disso faz sentido
até o canto das aves me exaspera
o desejo se transforma em desastre
depois vira sopro
ar parado
virtude inexorável pra cada sonho
aí me deixo
terreno árido
abandono em noite sem lua
mas diante tudo
aquela mesma dor que negava reaparece
faz um reboliço insano na minha cuca
e no altar quotidiano do desespero me vence
fico ruminando derrota/ até gosto
poeta-menino sorrindo abestalhado para os automóveis que passam
depois em silêncio consigo me iludir com pranto
exaltar o risco
sequela no caminho que me perdi em tantos

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

música de sonhos surrados

o egoísmo de sua maldita solidão me deixou tonto
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante

por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita

vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo

vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia

só me resta dizer sobre as amarras

provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado

outra paisagem

esquecer o caminho

abandonar o infortúnio de toda chegada

meu melhor destino nunca reclamou vitória

então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia

senhora segurança

voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina

garantias que se apagam da lembrança:

a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa

ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa

a mesma brincadeira de sempre:

sair de casa pra fazer yoga

nesta cidade careta de belo horizonte

tive um sobresalto

mais uma vez

olhos encharcados de renúncia

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

voz na embriaguez o vulto

a marca do sol revitalizando o seio

no cemitério da rotina

o estandarte

misteriosa presença já não enxerga nada

aos farrapos

sombras que pairam

no subsolo da orgia

a imagem desenharia o corpo

oferendas ao vento

metamorfose da coisa

adiante silêncio

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

chega de falsa melancolia pois o gosto da melancia ficou podre

emocionou-se a vida com os alargamentos da alma

neste instante espasmo é necessário

o desconhecido veio abordar o fôlego

fantasia sempre foi virtude neste dias banais

confesso

trago em meu corpo outra velocidade

paraíso distante

sonho e risco

pois felicidade pesou tanto

voz devia instigar o nada

sentir amor sem os escombros da moral

pra que todo entusiasmo fosse embora

sexta-feira, 25 de maio de 2012

o pintor pirata e a chinesinha vermelha

atelier em desordem como a casa de francis bacon
quadro a persistência da memória pendurado na parede

pra começar precisamos duma chinesinha de luvas azuis
vestido longo e vermelho
e um artista quase cego dum só olho usando um tampão de pirata

deitado numa poltrona suja de tinta lendo rimbaud
a campainha toca - ele sonolento custa abrir a porta

a chinesinha entra sem falar nada procurando a geladeira
atira uma bolsa de couro na cara dele
fotografias se espalham pelo chão da cozinha
ela grita que as fotos são experimentos embaçados de vida

ele nem se importa pega uma faca e começa a esfaquear uma tela fresca no cavalete
ela se aproxima e bota um vinil na vitrola
o pintor pirata esfaqueia a tela com fúria dando cusparadas no amarelo que escorre

enquanto isso a chinesinha senta na poltrona
abre bem as pernas com seu vestido vermelho decotado e sem calcinha 
e observa com gula aquele homem
de repente ela começa a esfregar melancia na xoxota

nosso artista está mais concentrado que nunca em sua obra-prima
então a chinesinha retira uma de suas luvas azuis cantarolando e amarra na coxa esquerda

o telefone outra vez toca -  o pintor pirata grita qualquer coisa - atende e logo desliga
agora senta na poltrona e aperfeiçoa o nó da luva azul na perna da chinesinha tesuda

depois enfia dois dedos num pote de tinta e passa nos lábios vaginais daquela boca
pega mais tinta e pinta o pau de verde
e começa a trabalhar lentamente naquela bunda dura e suada

o resto vai sendo inventado de improviso
contando com a criatividade visceral dos atores

porém se faz necessário um final esplendoroso pra com essa foda

que tal o pintor pirata gozar uma cachoeira de porra
como se estivesse dando um banho de mangueira na chinesinha sapeca

e depois rasgar páginas de felicidade clandestina
colando pedacinhos no corpo daquela escultura

terça-feira, 3 de abril de 2012

na-estampa-do-sorriso-acidental-memória-defeito

o retrovisor que machucou meu braço
dói menos que o declínio deste instante

andarilho árabe na passarela da rua e do metrô

fuga de mim

misterioso meretrício
confundo sinagoga com mesquita

de tanto enxugar as lágrimas do tempo
atordoa
desarranjos de palavra
verborrágico instinto

hospital não adianta
nuvem só não vale

a doença foi este pesadelo
nos pergaminhos
do riso
do ego
este pasmo

e se gritasse filho da puta
a frase frustraria o reflexo da lâmpada

então fui de braços abertos irremediável encontrar a noite
beber a mesma cerveja no botequim trivial e gasto da esquina

só não pude ler no livro de seus olhos
senhora plenitude
adjetivos de leveza e liberdade

isso deixou minhas asas sujas
de barro
de sangue

pois o carisma no paraíso das carrancas
afagou os ferimentos da pele

sem ouvir ressonância

maldizia

coração com buraco
coração que ventila

borboletas marroquinas e a eternidade do cisco

acredito em nada
tampouco nas promessas dum sonho flutuante

o que não funciona é tão sentimental
como a solidão sedentária daquela cidade

transeuntes que atropelam meu ócio

arquitetura do parto

vou dançar o último tango das ilusões perdidas
a decadência dos cristais suntuosos

tecido vermelho vai virar turbante

tudo será perfeito menos aprimorado

nariz de muçulmano antes da queda

na hemorragia do verso
um só vestígio

o fôlego de minhas entranhas sitiava os portais do corpo

sabedoria é saber que sou

a natureza dos náufragos
o banho gelado em contagem
a cachaça do eterno abandono

todavia
borboletas marroquinas sobrevoam os jardins da infância

porém
meu mais novo brinquedo
passou a ser um lixo exótico

quinta-feira, 29 de março de 2012

vazio da prece

dialetos encantavam a sereia

serviria no ócio do grito

o desespero na eternidade do mar
emocionou a pele

vertigem com olhos de ampulheta

apocalipse da falta

um devaneio carnívoro
na verborragia esquecida da voz virou matéria

prazer parasita de palavras

no alfabeto do cosmo

a cor fosforescente da paisagem

trouxe no turbilhão da melodia

as artimanhas do ego

na garganta este adagio

silêncio imunizando a utopia

propaga o soluço no colorido dos lábios

abandono volta

calafrio de incerteza
modernidade e marasmo

o mesmo futuro poderia exaltar a vida

na masmorra poluindo o oxigênio deste orgasmo

assim será meu exílio

atropelo de razão no meio da rua
vagalume de hálito duvidoso

felicidade fascista lapidava o tédio

no sarcófago da visão
apodreceu o canto

quarta-feira, 28 de março de 2012

presságio de flores mas é de balão que ela gosta

ensaio cegueira mais de nove anos
e só agora meus olhos em seus olhos se encontraram

noite em que escrevo tudo de cabeça

ama mas não só por que admira

quero ser seu gato
corto as unhas e prometo que não pulo a janela
talvez fuja por que sou suspeito

me perdi bastante em loucura plural
mas sou singular demais pra ser um só

ainda bem que existe espelho e espasmo

também posso ser um passarinho azul
que canta na janela de seu apartamento
mais alto que o barulho da reforma
lembra (?)

sou seu cúmplice na consciência desbaratinada da vida

minha dor dói mais que martelada no dedo

agora depois de uma gotas do remédio do sono
vem me chegando silêncio e alegria

por saber que compartilhamos seqüelas
noites mal dormidas
devaneios
raivas e risos semelhantes

pois te quero em vida muito
abrindo e fechando portas e janelas ...

ensaio cegueira mais de nove anos

o amor nômade conheceu diante o improvável a embriaguez da lua
sangue que se mistura
há mais de nove anos olhos se perdem
nuvens com gosto de algodão doce devoram o firmamento
ser sem nenhuma promessa
oferenda
dorminhoco de meia
odalisca sem burca
na antropologia do sonho
legião tem outra cara
alimenta o corpo
ancestrais do instante
irã-áfrica-brasil
abraçando com alma o vento
vertiginosa língua
beijo e espasmo
no semblante ternura
outrora incansável seria o encanto
palavras e parábolas num só fôlego
repouso de borboleta
orvalho
pôr-do-sol
chuva

pois em amor lhe dou pérolas da imaginação modificada
um felicidade triste sem recalque
maior que palavra responde
flutua na música de nossos olhos
dor que acalma
acaso os relicários da alma brilharam
deixando rastros na travessura surreal do tempo
outra cumplicidade
a cidade regurgitando um deus antropofágico em cada esquina dança
mulher bonita lavando o cabelo na rua
dez gotas de rivotril e um abismo profundo
corpos experimentando a sede
espinha no rosto
o futuro subjetivo do objeto que se persegue
uma tribo indígena
indigentes de rayban fumando o último cigarro
em cada verso um espanto
solidão explodindo na cor de cada tatuagem
produziu velocidade bastarda no sonho
voz que me lembrava da deusa
minha doença de existir em tudo
constrói comigo o trapézio
enche de balões o quintal
a gente deita no mesmo chão
e trafega pelo trânsito da memória
na razão rudimentar de cada risco
sua beleza rainha
brinca faz sorrir
nos mediterrâneos da catarse
deixa minha boca intoxicada de silêncio
até fica bom ouvir que você leu o paulo
que as vezes se importa com o povo
no patíbulo da prática
inaugura-se uma nova liturgia
sem nenhum disfarce

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

em seus olhos meus olhos morrem

em seus olhos o sonho lateja

em seus olhos um dia de chuva
alguém olhando a paisagem esquecida da janela

em seus olhos uma sensação estranha de felicidade flutua

em seus olhos as estrelas se multiplicam
e a noite continua sorrindo para os desacordados

em seus olhos cegos de tanto enxergar o mundo me embriago

tudo passa pelo seus olhos

o brilho raro dos corais
o infinito

por seus olhos estas lágrimas se eternizam

o silêncio fortalece

em seus olhos meus olhos descansam
em seus olhos meus olhos morrem