quinta-feira, 27 de novembro de 2014

navalha de pedra - pergaminho de sangue

garimpo em outras margens e não pretendo recordar a vida
infante memória
trago eternidade e contemplo chuva
enxurrada em meu peito que transborda
não há mais nome
santifico a mentira desta hora
fantasia imunda com lantejoulas apocalípticas
amada senhora
heroína deste gueto
severa deidade
oferenda em mim percussão anêmica
fedia soberba estes olhos que me aquarelam
nada de biografia
adjetivo outra substância
perfumando o parto
esqueci a história
bezerro de ouro
meu cu anda cheio de mortalhas
o que ainda segrega o fôlego
aproveita a violência da tinta
pelo descaminho peninsular do sonho
vozes na vanguarda do oprimido
tão velho no porvir iluminado
este vício já não engana a sede
orquestra e diz besteira nos ouvidos da estátua
manjedoura de pecados marítimos
anseio trepar em cavalos de vento
nos escombros da carne de aurora
te sacrifico
disponho de retalhos medievais
decadente na batucada dos ossos
feliz por encontrar os búfalos
navalha de pedra
pergaminho de sangue
martiriza o ar
acalenta este assombro
filha
um anjo trouxe-me boas-novas de um mundo fosco
escolhera as grinaldas da dor como morada
adormecida luz
a miséria dos lábios
vem naquilo que já se vê cansado
perdi o afeto por este diário
o antigo relógio de parede
hoje
casa
cupim
retirante
palavras fatalistas de meu próprio surto
na mitologia dos abandonos repousam
marasmo dum peito oco
escarrou poemas que acenderam o fogo
violino sem corda na frente do abismo
quanto mais intangível
mais sincero se mostra
respondo que amo o feio
a beleza dos jarros
na categoria das ogivas milenares
borboletas pousam na promiscuidade da química
escondendo a sombra do girassol romântico no reflexo de cada espelho
silêncio no útero
te transformas em terra
tempo
estou aprendendo a cantar tua fome
avalanche de rugas nos atalhos da pele
que esta crueldade se exponha
numa delas descortina a paranoia
li teus fantasmas juan rulfo
madrugadas a fio
sorvo o carnaval desta fala

olhos se calam

e nestes desencontros
o achado seria glorioso
mas não aplacaria o tédio
dando voz a toda sede
não há escuta
olhos se calam
tudo olvidaria o instante
singular falsificou afeto
rasgando as vestes
sem a certeza de que o corpo continuaria intacto
enfia tua liturgia no ralo
e canta
pastor herege
pelas vielas da vida

rascunho singular que se perde pela noite

voltemos sem as amarras do ego
até onde o tempo possa exteriorizar instinto
fogos de artifício iluminam a cidade
dando ternura ao chiqueiro
a menina era um peixe
o peixe um presente que odiava aquário
sendo a idéia um rascunho singular que se perde pela noite
partitura de quem mora longe
derrama meus olhos
luxúria que mantimenta a febre
estas mãos exaltaram o gozo
resta a mordida do tigre
o beijo das sereias intangíveis
o tesão dos pirralhos
deveria ser um novo desastre
sacerdócio de tudo aquilo que se repete
desejando um outro alarde

valentina toda paz ficou redundante

loira oxigenada de capote
olhos castanhos
abandonou família
botou salto alto
decote vermelho
e foi pro meio da chuva atrás do amante
cafetão jorginho que adora perfume importado
segunda-feira de birita na lapa e umas putaria
ela que mandou a merda
o tal marido barrigudo
a filha de quinze toda fresquinha
diz que pra aquele buraco volta nunca
que ficou cansada dessa vidinha
e que o barato
vai ser viver com muita alegria agora
sem esquentar muito a cuca
vai por que vai
frequentar a noitada carioca
as boca do centro
o sambinha na tijuca
onde o pau quebra
pois homem nela jamais bota rédea de novo
anda muito afim de experimentar coisa nova
de ilusão grande
lembra que sua amiga falou um dia assim com ela:
nossa valentina
tu tem uns peitão gostoso umas pernoca linda
e fica com esse pobretão
aturando a chata da bruna
cuidando do chiqueiro
se toca menina
tu ainda ta nova
nem precisa disso
tem um mundaréu pra tu conhecer lá fora
sai dessa criatura
larga mão de ser besta
e cai na pista
vamo que vamo cachorra
a gente arrebenta!

domingo, 16 de novembro de 2014

indomesticável carnaval fora de época

nada de morocha
a caminhada foi debaixo de chuva
pela incerteza mirabolante do vento
uma cerveja em mesa molhada
rimas fugidias
olhos que já não masturbam o passado
presente na ignorância destes lábios toda aventura
seios que iluminam a jornada
vigia o carro ou acende um incenso
implorando felicidade
esquecerei o texto
afeto que rascunho
sem nenhum aviso
nunca estive tão afoito
as universidades da razão estarão fechadas
subjetivo rastro
pernas arreganhadas
indomesticável
carnaval fora de época

alergia de tanta virtude

ninguém precisa de intelectual da classe trabalhadora
nem de nenhuma outra pra formar o pensamento
seu antônio gramsci
a escola continua sendo reduto de domesticados jumentos
na pluralidade da canga o que dá fôlego e sapiência
vêm do salto pela velocidade onírica do sonho
nunca fez questão de cátedra
por mais de mil vezes incendiou o diploma
olha o ganha-pão de quem alimenta o abandono
oferenda de poucas palavras
sol forte na cuca das casas
devaneio na ferrugem do comando
estou sentado nesta cadeira contemplando o vazio
tenho alergia de tanta virtude
 já não preciso mastigar meus mortos
amargura o vento
diante todo frontispício
razão passa ser ridícula
já dizia o mesmo goya:
o sono da razão produz monstros e se mostra frágil a medida que canta
então o caboclo chega ali bem perto
no morro da providência sem provisão alguma
rodeia o subúrbio mas não se envolve
depois bate no peito lá na zona sul
dizendo ser solidário com os mais necessitados
sabe-se lá de qual carnificina o elemento fala
hoje estarei impregnado em território baiano
amanhã neste percurso degolarei o corvo
a confraria da culpa
nesta plataforma quantitativa
nada disso me interessa:
menestrel
bardo
vate
filósofo
livrinhos egoicos espalhados pela cama
eu que sujei de terra o rosto de toda fotografia
serei outro
sentinela de defeitos grandiosos
sei que toda moral sempre foi medíocre
acorrentando o fluxo no cemitério do corpo
falta delírio e vontade
ao tempo tempestade

sábado, 15 de novembro de 2014

a cartilagem da loucura

depois tu serve o jantar

não quero perder o filme

engole logo essa porra

tudo continua sendo pouco

meio a tanto vulto

do outro lado só tem escombro

pirralho fedendo a suco de laranja

limonada adolescente com bastante açucar

boca nervosa

qual seria o nirvana

a viagem que por outros olhos celebraria o corpo

isso nunca foi egoísmo

pois até cigarra se repete e canta

temporal não chega

porém a chaga deste encontro

fede na certeza de toda morte

beleza que não tem receita

adora resíduo

escutai o inútil de meus filhotes

me fala de teus casos

deste orgasmo

cênico

cínico

cisco onde me afogo

incansável defeito

desejando todo umbigo

orgia das cores inanimadas

las ideas no valem nada
feito axé pra pernilongo medíocre
a gente se afogou no quarto
enquanto as meninas brincavam nos jardins da memória
meia duzia de cigarros nos fumavam
tu tirou a roupa
abriu a janela
soltou a cabeleira e se pos ali
corrompendo o silêncio
por contemplar a fauna invisível da palavra
orgia das cores inanimadas
enfiou o dedo nos olhos da sede querendo mais
amanhã seria protocolo de fuga
chuva no grau satírico da tormenta
prefiro tua bunda como meu porto
atravessando a balsa de toda luxúria
fragmentos de carne pluralizam esta fábula
esta farra nas entranhas de um arraial fosco
vai o conto se perdendo neste espelho
feito orgasmo de um falso grito
acidental mente
este sonho me pariu

escombro de alma doce

o homem da gramática expositiva do chão
continua ali se eternizando em cada gorjeio
amplia o sono das folhas
iluminando o barro na partitura da foice
traz ao tesouro do nada seu quinhão
a volúpia de toda garatuja adormecida em suas mãos desperta
enaltecendo a infância da língua
na sinfonia das coisas menores se mantimenta
enquanto os mesmo bois o recriam
encarna
o trapo
a tripa
e o trigo
dando ao trajeto
a nobreza dos vaga-lumes nevrálgicos
a inércia do cisco
nunca precisou de paraquedas pra voar fora das asas
longe de toda certeza
seus restos de apuleio fazem música
corumbá de musgo
adorava rimbaud e fabricava seus próprios caderninhos
conhecia de arte
mas sempre preferiu a sabedoria dos matutos
tirava sarro com seus causos
desejando a glória de uma formiga
morreu não
morre nunca
o cobra virou peixe
lagartixa
escombro de alma doce

terça-feira, 11 de novembro de 2014

na desordem subjetiva do escarro

um bando de pastel na frigideira
se ao menos matassem a fome
mas não
ela ressuscita
de repente
toma de assalto as vielas deste corpo
e qualquer filha da puta marxista me causa repulsa
quando o rei da cachorrada fala
até cabrito de universidade abaixa a orelha
nisto uma vertiginosa dor caminha
se atola
por onde
nem saberia dizer o nome
tu que nao consegue me fitar nos olhos
feito imigrante nordestino sofrendo nesta odiada metrópole
arquitetada de sangue contraditório
a égua faz de memória banana
e se sente devolvida a vida
a metida que masturba
o caralho da prosa e do romance
explico:
humanidade não carece de alfarrábios
gentalha letrada
nenhum rimbaud pós-moderno
há tempos
as páginas da vida ficaram gastas
como um jornal sem encanto
os homens se empanturraram de gelo
e só adoram a terapia
fragmento de toda hecatombe rouca
na desordem subjetiva do escarro
sigo por outra rodovia
na contramão
pois nao quero encontrar narciso
acaso
vou me sentir alegre
achando massa a conversa fiada
a propaganda da vernissage medíocre
música e outras murrinhas
certo na incerteza de que tudo aquilo que se almeja
para sempre será fruto de toda decadência irrisória
te recebo de forma flutuante
por quase uma década
há morangos silvestres
no quintal de minha casa
um relógio de barro que não funciona
vaidade oligárquica
mais uma vez pela falta de singularidade em tudo
finge que recebe o santo
a cabocla sem nenhum delírio
isca nesta hora a fauna meticulosa do vento
e a outra cinderela diz:
viu como esta noite foi bacaninha
minha vontade era dar um talho em teu rosto com a navalha
assim teria motivos de sobra pra escrevinhar o osso
enquanto jogaria o caderninho na sargeta
as cores perderiam o rumo
então bota velocidade neste sangue
senhora fantasia
e verdadeiramente goza

cadelinha pau de sebo sempre foi arte

eu volto logo sua rapariga
primeiro vou lá em bucaramanga na colômbia fuder aquela moreninha
escuta coisa
a gente dá certo
amor continua sendo pistola grande batendo na porta de um novo útero
bonito isso
meu peito ficou cansado menina
deu ruga na alma
dor que não sara
combina comigo o esquema
uma vez por mês lá no bar do zé a gente tira uma quebra tudo
deixa o tempo correr
garotinho atrás de trepada não falta
hora a gente papa um monte
lembra da robertinha
aquela do cabelão de bunda gostosa
mudou pra são paulo
trampa lá na lavanderia hoje a vagabunda
e tu anda o mesmo poeta de sempre repetindo muito
te digo:
o catulo da paixão cearense era um pilantra
um baita picareta
boêmio de boutique ta sobrando saca
só quero comer a luana de quatro atrás do muro da igreja
depois pico a mula
experimento sua calcinha
cuspo na sua xoxota
enfio meu cacete noutra piranha
tu fica com tesão e goza
pede outra dose de conhaque
putana
dentro ou fora das quatro parede
espera meu boquete em ruanda
e bota a amanda na vida
sua biscate
cadelinha pau de sebo sempre foi arte

pelo direito sublime de enfiar postes em você

k-dela num reclama
nada se conclui como tu imagina
não tem ista feminista moralista que consiga dar conta do recado
carente na inconformidade de tudo
vou te contar como funciona:
era madrugada
as ruas do centro já não tinham fôlego
a cerveja em minha boca ficou amarga
uma boa dose de intangível sempre foi necessário afim de desorganizar a partitura
por que amo as putas de batom pirata sem pomposidade alguma na boca
cama de motel amarrotada
o padeiro que esqueceu o caminho da padaria
seja lá qual for o repertório
penso o quanto estimulei tua sede
toda gostosa na ratoeira deste vício
silencia o corpo
esperando uma nova surra
chicotada na supremacia surreal do gozo
temo tocar o intocável
mesmo que minta pelo direito sublime de enfiar postes em você
o galo canta e machuca a pele de toda palavra
filha platônica desta volúpia
valsa no manto de um rudimentar desejo
o que come também comido para sempre se encontra
vitamina a alma
mulheres na emboscada de cada tela

l'amour froid que la mort

lembra quando o gosto passa a ser outro
até o cheiro se transforma
como aliviar o peso se a coisa toda virou costume
pois este amor atrapalha o fluxo repentino da memória
me dá trabalho
invade sem bater na porta minha solidão
ando preferindo só a carne
a pluralidade voluptuosa de outros corpos
uma vagabunda para cada dia da semana
longe de qualquer trejeito feminista
não quero agradar nenhuma santinha
nenhuma conduta
adoro toda puta
dignidade me amola
jamais serei moderado
à merda tudo aquilo que sente
desejo ficar neutro
degustar novos pratos
jogar a muleta pela janela
assim dirão que em meu peito carrego uma pedra
como se fosse obrigatório participar da seita
não possuo a compaixão dos fantoches
este sentimento careta de culpa há muito caiu no esquecimento
escolhi o vento de toda incerteza
o desordenado
a anarquia de meu transe
estou de saco cheio desta minas gerais de gente introvertida - acomodada
sei que o melhor silêncio sempre foi o que berra
como posso estuprar os carrapatos provincianos
se a maioria procura um lombo pra se agarrar
tantas perguntas na tragédia de poucas respostas
assim vou garimpar em outras terras
exaltar o fôlego
acaso
cuspo em toda virtude

no profano altar da plenitude

diz que nada foi eterno
tanta coisa
fico imaginando todo descompasso
assim qualquer idiota sobrevive
insisto em viver avacalhado e avacalhando
por que só acredito nas utopias do corpo
dinheiro pra muita cevada
a safada
paga um real por cada leitura
financiamento coletivo
bichinho só ego e pouco motivo
pois o mecenato goza com o pau da minha virtude
deus nao te ajude
espero nódoas de um planeta misterioso
retiro-me desse tal futilibook
deidade psicótica que esqueceu de tomar o comprimido
amo
a singularidade do feto
e vou pro boteco amenizar a noite
tudo tao besta que o caldo já não sacia a fome
escuta
espera lá na pracinha
vou te mandar em of o número de minha conta bancária
sou bem mais projato que projeto
me escreve na lei ou na desordem
prometo experimentar outas camas
a lama da iluminura derradeira
chega de bobeira
cupim-careca
pistola-bamba
apesar de todo escuro não lhe dou arrego
eu que já vendi um milhão e meio de livros pela rua
cansei de brincar com esta ferramenta
quero uma deusa tesuda e muda que me amamente
silencio que fala
sai fora protozoário de academia
alegria
vivo solto e multiplico as horas que derrapo
trago em mim o gesto
nunca o verso vigarista dos moderninhos
só visto o que for avesso
cheio de vício
no altar profano da plenitude
perdi o gosto pelo cigarro
lhe dou mais um sarro
nem me interessa o próximo segundo
ali enxergava o porco
olha que porra
nesse puteiro só volto se o cafetão me der desconto
então penso no caso
acaso
ainda prefiro a filha do porteiro
o pivete na favela acendendo um morteiro
adeus salada
alada
continua esta memória
longe de todo chiqueiro

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

de minhas inúmeras infernografias

a coisa mais bonita desse mundo foi quando emancipei minha xoxota
e assumi toda essa putaria sem nenhuma culpa
hoje banco os besta
essa porra de família
e eles só podem ficar caladinhos
pois sou eu quem paga as fralda da bianca
o remédio caro da velha
tive pena
dei uma encaretada
e resolvi ajudar
mesmo sacando que ninguém ali dessa bosta num presta
coisa de gente tonta
sei lá
aqui nesse clube
só tenho orgasmo com muita grana na calcinha
assim desse jeito
monto direitinho o teatro
acho que aprendi com a finada professora minha mãe
senhora hipocrisia
assisti a aula inteirinha
te conto
lá nas minas gerais onde nasci
tem gente que nunca viu uma praia
que jamais tomou banho em banheira de motel chique
povo que na vida sequer experimentou um arak
babaganuche
kafta
a droga toda
o outro lado esplendoroso da moeda
porém já estou cansada de tudo e cago nas minhas origens
aquele arroz grudento requentado nem a porrete boto mais na boca
era moleca
o barracão tinha muita goteira
o colchão parecia ninho de rato
dormia dez menino
excomungava deus e o mundo quando faltava pasta de dente
sempre tive um sorriso perfeito
até chegar nisso
fiz muita coisa
fui atendente de sex shop
trabalhei de caixa de supermercado
de trocadora na linha de cosme velho
agora fiquei poderosa desconfio ainda mais de tudo
passei em vários países
alemanha - itália
rússia - grecia
em dubai fiz ate suruba com sheik marroquino
ganhei muito dinheiro
cuspi na cara de muito fazendeiro barrigudo
arrependo não
caralho
mesmo com tanta fartura
parece que estou na mesma merda de sempre
como se estivesse num pesadelo
eta que sonho vagabundo esse!

trago meu sangue sujo na sinfonia da obra

nunca precisei abrir livro de bukowski
afim de superar minhas perdas e meus achados amorosos
pois os demais me querem doce
encantado com todo este vazio chapado
para os mesmos
digo que vou morrer dando murro em ponta de faca
mesmo de mão quebrada não me interesso pelo joguinho
vou te mostrar o teatro
a diabrura
na plenitude de minha alquimia
meio a tanta vaidade que nada tem de sublime
os gafanhotos amam meu revólver
este gatilho
mesmo que não acerte o alvo
aconteceu
bem na hora que vendia o livro
pra comprar a porra de um pacote de biscoito
juro que o fantasma de artaud falou comigo de novo
mais uma dose de conhaque
o veneno
a idéia
trago meu sangue sujo na sinfonia da obra
nada quero com meu umbigo
este ego
a serpente
me sinto tomado
outra vez tu foge de mim assustada
falsa francesinha
me preocupo bem mais com os cactos do que com as flores
os cães ladram para o invisível
arremato o corpo
as bugigangas da feira
esta historia infantil não se banha em nenhuma moral
adiante sairei pelas ruas com minha loucura santificada
por que adoro escrever errado
foda-se toda ortografia
acordos gramaticais
eu concordo que só os iniciados me entendem
sempre o eterno risco me abastece
ja nao lembro de tanta coisa
apenas sei que um poema fico grudado na parede do quarto
pois o pior momento se transformou em monumento
barro
rima da imprevisível ressonância iluminada
creio que agora deva dormir ou sonhar o sono dos desacordados