sábado, 15 de novembro de 2014

escombro de alma doce

o homem da gramática expositiva do chão
continua ali se eternizando em cada gorjeio
amplia o sono das folhas
iluminando o barro na partitura da foice
traz ao tesouro do nada seu quinhão
a volúpia de toda garatuja adormecida em suas mãos desperta
enaltecendo a infância da língua
na sinfonia das coisas menores se mantimenta
enquanto os mesmo bois o recriam
encarna
o trapo
a tripa
e o trigo
dando ao trajeto
a nobreza dos vaga-lumes nevrálgicos
a inércia do cisco
nunca precisou de paraquedas pra voar fora das asas
longe de toda certeza
seus restos de apuleio fazem música
corumbá de musgo
adorava rimbaud e fabricava seus próprios caderninhos
conhecia de arte
mas sempre preferiu a sabedoria dos matutos
tirava sarro com seus causos
desejando a glória de uma formiga
morreu não
morre nunca
o cobra virou peixe
lagartixa
escombro de alma doce

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