quarta-feira, 18 de novembro de 2009

jabutis arreganham olhos de caatinga
onça pintada é meu simplório totem-tesouro
na mecânica da voz o pôr-do-sol ficou tísico
desmiolado gozo
vou viver o quotidiano dos fantasmas boêmios
depois danço um frevo rupestre
parca diárreia do crânio
o cansaço incendeia o corpo
já não faço justiça à velocidade do vulto
pela janela o abandono incentiva o fracasso das libélulas
de horas etílicas teço o improvável
nas caravelas
piratas da alucinação imperfeita lançam dados de sombra
no âmago da volúpia assassino cogumelos de sangue
todavia atirava âncoras no intestino da alma
e formigas sedentárias por devaneio
subvertendo a noite que névoa nos lençois palestinos da cabeça
estrelas combustam
no faz-de-conta úmido do silêncio
quis camuflar sonâmbulo os que se locomovem por ruas de pedra
pois o vazio é como um rei que nunca se aproximou do trono
suntuosa alegria de prazer no tétano
posso sentir meus braços no derrame do sonho
saborear montros e curupiras de lama
dor que atordoa - estiola as orquídeas da palavra
gafanhotos na travessura universal da língua
trapezistas embriagados no prenúncio das cores
esfinge no espelho espancado de alquimia
alienígenas do passado cospem nas escadarias do sonho

minha voz sempre será a tradução orgulhosa em desequilíbrio

ventriloquos na liturgia da história
pássaros póstumos
arquipêlago das manhãs que matam

sem o movimento doce da blasfémia
emudeço como protesto
e trato da matéria aos trapos

gelatinosa angústia
em nome do musgo
vomitarei partículas de uma esperança chula
afim de macular o tempo

minha solidão abocanhará os que estiverem famintos

miséria & mistério
nos pavilhões da força

terça-feira, 3 de novembro de 2009

coisas indecifráveis foram pintadas nas paredes brancas deste quarto
o afagar das mãos nas pálpebras enlouquecia o espírito

é sonâmbulo o êxtase

olhos vesgos/medo reticente

onde dançam os cães barbitúricos da última palavra
sei evocar o monstro da memória
macular a solidão de arruda

eu que me sonhei lodo/caixa de música
na fantasia complemento o milagre

com outras máscaras ouço o chamado (:

a evolução da terra
brutalidade pitoresca
teatro das mutilações

hoje a plasticidade canta vácuos de silêncio (:

mesopotâmia/malebolge

montanhas afogadas no oceano
peixes maravilhosos

estes corpos alimentam os objetos do reino
repousam sombras em meu cadáver

grito absoluto de outro jeito