sexta-feira, 31 de julho de 2009

não vim aqui prestar aos deuses uma homenagem
sou herdeiro do espírito
e sei que a máquina configurou para sempre o homem
matéria que passou a ser agasalho
na ilusão do conforto odeio tudo
mas ainda existem fantasmas de sangue e metafísica
um teatro que não embolora com o tempo nunca
aos que podem ouvir meu grito ouçam
o apotéotico poema guilhotinar a razão que anseia aplacar a vida
todavia a resistência transborda (...
cristais no lençol da terra brilham
um mundo invisível a olhos humanos
alimentou a fome
com gula o sopro fez reviver o raio
introjetando em mim toda mágia
cipós venenosos e plantas carnívoras
nos desertos do pulso

terça-feira, 28 de julho de 2009

irei acordar de vez a estátua
distribuir migalhas de pão e uma navalha
incendiando bandeiras macônicas
eu poesia que me dá azia
quero cores que me levam pra ásia
nenhum pentraiver na cabeça
prefiro a insuficiência das coisas imprevisíveis
com-puta-dor de declínio
meus olhos passeiam (...
chegou a hora de lavar as mãos
dar adeus ao século de todas as formas
de todas as flores sem espinho
por que sou otimista das vísceras
cultivando o cuspe da palavra
no calabouço da fala
o mexilhão do medo sonha
desafiando o pesadelo dos números
vulgo de cadeia/voa verbo
só me restou algums centávos e um cheque em branco
traficante das amoras/cafetão daquele busto
faço fortuna rápido
pé de santo/ouro de igreja
vivo o mais longe que posso
há uma mina de petróleo em meu segredo
palestino das panelas
amor
agiotagem agora é meu negócio
empréstimo a preço de sangue
lucro um laboratório de vento e beijos de prata

segunda-feira, 27 de julho de 2009

o mundo anda perdido
quem achar é dono
o google do futuro servira só pra quem for cego
as palavras não terão mais importância
no pesar da língua
estou planejando ficar rico
por cada ruga um tesouro
chega de choramingas
quem gosta de escambo é hippe
vou blindar o corpo
na hosana do silêncio vomito o vício do crânio
turista em minha própria terra
quero sem compaixão
surrupiar a esmola de todos os mendigos
trepar no escuro daquele útero de borboleta
depois vão dizer que minha poesia sangra
que bato punheta na frente do poste
sem tv acabo e nenhum fox
a fuga é uma promessa
o fungo em meus cabelos faz festa
alterando minha voz
ordinária ilusão
beberei a champanhe das jararacas na vernissage
enquanto coço o pinto
meu doce leitor
li as manhãs ao avesso
gastei até dinheiro que não tinha na gandaia
sou poeta sou vaidoso e subo em cima da mesa

ouro preto.25.07.2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

disk-pó teve quatro filhos e uma genitália rosa.
sua mãe boca-bamba;
morava numa palhoça e comia queijo fundido.
porém o dragão da realidade sem rumo habitava aquele charco;
tomando de assalto todo crânio
assassinou a fala
faltou química no lundum da pele.
o interesse do monstro modificou o vício.
ir para o butão impregnado de lama;
depois sobreviver na necrópole catando lixo.
destino confronto;
na decomposição da palavra a vaidade deflorou o tédio;
e da membrana do prenúncio foge.
cavalo-marinho; na violência do luto
o atentado
a imaginação é o espaço. o espasmo no suor do grito sem nenhuma américa. só acredito nos tentáculos do fôlego. imigrante de solidão e luxuria; faculdade é igual adolescência dá espinha depois sara; cinema delinquente; barba imagética; vim anunciar a máquina; o barulho do sonho; por que sou andrógino entre piás de nuvem. sem as sutilezas do gozo, passarela e mutuns intoxicados de poeira; insônia das águas; dedilhando o universo na voz do gemido; incinerando o sol; mão molhada; artesanato inútil; tudo habito e beijo a espanhola de pouca prosa;
sexo instigante; híbrido atalho pra outro beco

terça-feira, 21 de julho de 2009

é o abismo das alucinações enfeitiçadas. sortilélio da palavra que aterriza no corpo. abandonei as letras que naufragam. beijo estrondo de linhas oníricas que reverberam a visão das cores vivas. embriagado; bisgodofu maculou a chuva; enquanto bebia licor de pedra; suas pernas escalavam o arco-íris. desintegrando a carcaça da noite; meus pesadelos cheiram terra. erosão e exílio. língua possessa. desordem. escrevo aos espantalhos da pele. no tempo de iluminações abortivas. refletores sonânbulos. epidemia de estátua. repouso nunca. picumãs de meus olhos iguana. na confraria dos míopes pardais no cio. as coisas seguem seu ritmo alucinado. por aqui não há sapatos de primavera. é primevo os sintomas do corpo. eutanasia da alma. sangro na epiderme do dia. transeuntes tomam o táxi da imaginação exaltados de futuro. na canção do porvir; cogumelos da raça. deitam-se as dunas; no olhar infante do desejo; espanco os inútensilios da solidão. trago em mim todas as partidas. monotonia que traz tédio. crisântemos da inconsciência. anseio ficar suspenso como se o nada lentamente fosse me acontecendo. pior que bosta de mãe; vomitei destino e aquarelas pichadas. na clarividência das pirâmides; o silêncio é a mortalha que me sufoca. redemoinho no traço primaveril do canto. paisagem de vento em minha saudade entorpecida de ruga
me devoro tanto que de beleza padeço. trágica profusão. minotauro que profana o apóstolo das apostas.templos no texto ouço. a voz fantasma filtra os olhos. vaidade inconsequente. já não me aprumo como os potros. estou abaixo das tartarugas e viajo nos balangandãs de outra sede. aparição que não diz nada. odeio as nódoas do desejo. que tudo sejá sonho. primitivo acaso. dejeto. ainda posso me perder no mangue. nas manhãs que uivam. personagem da favela e da falange. miragens me sufocam. na terra do corpo inca; o sol da solidão revigora o êxtase

....

(textos - testículos;
pra nenhuma vaidade botar defeito.
ponto final.
anal.)