quinta-feira, 9 de julho de 2015

pirilampo em teus sonhos de mariposa

te amar
como um estandarte luminoso
mulher de bordel
com lágrimas nos olhos
faca de dois gumes
em teu ventre
nesta hora
confidenciar meu segredo
ancorar feito barco
no cais de tua pele
sem pretensão alguma em sair
ser
sentimental e vasto
igual barulho de chuva na montanha
agarrar o fantasma de teu espanto
e submete-lo a este gozo
meditar
na violência dos dias
uma nova alegria
poder sentir a noite
invadindo teus lábios
feito um soco tenro
na cara do monumento
que não se conforma com a partida
bater a porta
te trancar la dentro
ferir
tua entrega
tua estranheza
com a lamina
de minha paixão transtornada
pirilampo
em teus sonhos de mariposa
iluminar este quarto
pra que este sentimento se encante
aliciando os atalhos de cada gesto
ninfa de fogo

um pouco mais de mim cara de pudim

papo de macho
existiu um tal filosofo que dizia
que mulher a gente trata no chicote
concordo com ele
cabelo longo pra muita ideia curta
tem aos monte kkk
mas primeiro deixa eu te contar
um pouco mais de mim
cara de pudim
safo pra quem nao sabe
foi uma poetiza grega
que de tanto escrever putaria teve que viver exilada
minha mae
quando me deu esse nome de merda
so pode ter visto alma androgena
em minha pessoa
mas enfim
estava falando das mulheres
nisso tenho experiencia compadre
banquei muita puta cuspida pra fora
de casa so por que pegou barriga
fui pai de filho
que nao era meu por muitos anos
comi e fui comido
(nem sou tao otario assim)
por muita ninfeta aristocrata
que ficou na merda
cara nem te conto
gamei uma vez
numa dessas piranha de nariz arrebitado rapaz
ela roubava todo meu dinheiro
quase perdi esse meu dente de ouro
meu pai aquele filha da puta era cigano
herdei o sangue e muito cedo cai na vida
fiz de tudo bicho
entreguei jornal
fui miche
pedreiro de acabamento
joguei futebol de varzea
ponta esquerda
fui porteiro de puteiro
ai me chega esse povinho de internet
metido a intelectual coisa e tal
mando tudo chupar pica
pra ve se aprende
boa mesmo sempre foi aquela gostosa
da nina sem meia sem papa na lingua
que sempre detestou
essa fauna perfumada
isso ai cambada
vou tirar uma soneca
mais tarde volto
e contrato outra sapeca

enquanto o pica-pau pica - a coruja goza

sou carioca porra
sofri na mão duma vadia
por mais de vinte anos
agora to aqui dando o troco
me chamo safonildo da silva
sou cafetão suburbano aqui neste inferno
dou casa comida pra muita puta ingrata
ajudei muita mocinha interiorana capiau
nesta cidadezinha do caralho
pois no meu peito sou todo bondade kkkk
escuta essa
tem umas hoje
batendo de carro importado
la na zona sul
vendendo a xota pra granfino
esnobando
tudo cria minha
mas tu já viu
ganhei muita grana
mas a droga do jogo
dos vícios acabou com tudo
muita noitada
jogo-de-bicho
gafieira
desandei
continuei a coisa na rale mesmo
vendi opala e chutei a bola
vez em quando
ate pinta umas coisinha fresca
também sou metido
a escrevinhador
poeta
essas baboseira toda
já que hoje qualquer bosta escreve
me deixa bater esta punheta
bem na tua cara
valeu
no mais to ai na pista
afim de negocio
enquanto o pica-pau pica
a coruja goza ...
epahee!!!

rosinha novinha

boa tarde meu polvo sem tentáculos
essa veio la do macapa
escolhi a dedo
aja dedo
acho que por la vou investir pesado
tudo orfao de pai de mae
numa pindaiba braba
vou faturar com essa aqui e busco mais
madalena vai pegar rabo com rosinha
novinha a mocinha sabe nada
era boia-fria
cortadeira de cana
agora vai ter que aprender
a chupar cana-caiana direitinho
mas na real
bem melhor que sol forte na cuca
logo logo acostuma e ate gosta
so nao pode se apaixonar por favelado
tirado a malandro aqui no rio
tudo casa
pega barriga
fica gorda
vira dona de casa sem causa
já viu
puta que pariu
muito cafetao tomou tombo
levou pipoco por conta duma dessas
mas comigo nao
sou bode velho
nunca misturo as coisas
negócio a parte
as minhas menina
tudo passa por teste de qualidade
boto selo de valia
e empresto o quarto meio a meio
bota mais decote neste seio
so pra tu ve que nao exploro
dou a primeira semana de lucro
elas ficam animadinhas
chega umas aqui
que nem calcinha tem pra vestir direito
que nunca viu um perfume
sou paizao entende
quando eu morrer deus me espera
na portinhola do ceu sorrindo
desse jeito
minha alma sempre foi caridade pura
deixa eu tomar outra pra ve se cura
eta porra
tanta agrura

anestesiado pela falsa ordem das coisas

como se não bastasse
peito ficou em carne viva
ali te olhando
sem entender nada
na expectativa duvidosa
de se banhar
noutras águas apos o trauma
feito um desejo
que de repente passa
e a gente nem percebe
quando o mesmo sorriso vai embora
conferindo a melancolia
seu grau de grandeza
seu entusiasmo fosco
pelo ciume sedentário do corpo
toda essa balela
que com nevoas tingiu a vida
pela continuidade do sono
desta letargia
que não vê nas entrelinhas
o atalho
assim dentro daquele quarto
inicia-se com vigor a pancadaria
empobrecendo o espirito da carranca
a medida que meditamos
sobre a mesma alternativa
de todo descompasso
fugidia serenidade
medo
quase panico
em ser
felicidade fabricada
burro de carga em linha reta
o que paga as contas e nunca reclama
anestesiado pela falsa ordem das coisas
antes
seria
bem melhor
morrer
do que a toda hora
ficar só levando choque
como não falar deste sentimento
sem as agruras que nos embrutece
social mente
sobre o ordinário rumo
de tudo aquilo que vive
pois certeza
nunca construiu sonho
só fodeu com o espontâneo
sentido que se apresenta
enquanto a grande maioria
versa no vazio
reproduzindo
feito coelho
um passado piegas
urubu deste plagio
a manada
nunca conseguira ouvir a musica

O DEVANEIO
assim
o estrangeiro
quase nunca dormia
sua correria
era formiga de fogo que pula
barata tonta no meio da sala
barracão sem janela
veio do Haiti pra esta favela
por aqui amenizaria
o paraíso de suas sequelas
mentira
teria outras
ao menos
agora
dentro de casa
tinha uma torneira

POIS POIS
TODO MUNDO SABE
QUEM CONSTRUIU ESSA PORRA
E MESMO ASSIM FAZ VISTA GROSSA

então escuta:

quando um nordestino
dentro da cidade
se acostuma com pau-de-arara
fica como se estivesse
amortalhado em vida
impregnado na paisagem
de barriga cheia
seco de alma
maduro
podre
diante toda colheita
numa chuva que não molha
por que meu amor
sempre foi
quadrilha que não termina
dose de pinga em copo sujo
assalto a carro-forte
poeta que jamais precisou
escrevinhar um poema
cambada
quantos fantasmas
sentirão meu esquema ...

a volúpia de cada descompasso

deste sonho
quebrei a porteira e corri pela rua
onde um bando de militar
cantarolava
sem bandeira qualquer coisa
na redundância do vicio
vivi este tédio
cigarros enferrujados
bocarra de espanto
hoje o martírio
fez morada naquele edifício
possuiu o concreto de minha alma
feito entidade
fauna sonambula
igual adolescente psicopata
em surto de fotografia
peito outra vez ficou sem rumo
achando uma bosta a cerveja
artificio de toda cidade
poderia ate assumir o gozo
de quem tem dinheiro
guardado no banco
as pernas de shopping
da mulher que lia gregório de matos
pois sabedoria
sempre foi
a performance do vento
agindo nas vísceras
de um paragrafo morto
romântica pornografia
voz rouca que ainda versa
carnívoras borboletas
no parto silencioso do dia
crime sem castigo
por que sou foragido
forasteiro desta angustia
desta valiosa solidão
e já lhe disse
que estou farto de muita coisa
o que não acontece
faz deste nada esplendoroso
meu melhor brinquedo
coice que não pode ser opaco
enquanto aplumo
o vertiginoso ventre das cores
toda esta ressonância fosca
bem ali na minha frente
foi caldo parado
adiante contemplo
os rouxinóis de meu sêmen
a volúpia de cada descompasso
mesmo assim
aprecio esta pausa
o que sempre erra
pela nuvem do beco
baco
sem a ressaca moral do fluxo
texto único
tempo tântrico

regalo em estado de sítio o necessário verbo deste transe

colorir este dia doente
como se não bastasse
o prazer desta vergonha
as esquecidas arvores
amenizavam com sua sombra
a eterna sede da rua
em dias tenebrosos
possuir o dinheiro do pão
já era um luxo
naquela casa de costumes orientais
algo como abrir um livro
invocando em suas paginas
uma paisagem vivida
exaltando o verso volátil
de tudo aquilo que volta
por que aqui neste jardim zoológico
a bicharada nunca teve consciência
de seu próprio habitat
outrora descubro nesta folha
um desmiolado deus
que só reclama
este gosto amargo
no farol da boca
pela luminosidade
em casco de tartaruga
a tarde chega
provável mente
como um protozoário vistoso
briga de galo neste terreiro ensolarado que nunca chove
pois a castidade das plantas
interrogando
o veneno da vida
fabricou em realejo
aquele cântico
onde a multidão
em sua cegueira cantarolava
esperando o mexido da mãe
o mergulho da mulher febril
em outras carnes
em outras águas
jamais pontuarei meu folego
o nascedouro de cada lagrima
rudimentos que escandalizam
a pratica daquele soldado
pela autonomia da voz
que se degusta
averiguando
os dentes emotivos
de qualquer caveira
depois
caiu naquela curva
batendo
o para-choque do peito no asfalto
a motoca comungava
com os transeuntes curiosos sua queda
enquanto a ambulância não chega
fico ali deitado
naquele chão frio
ouvindo
todo tipo de comentário
morte
que trafega
em surdina
pelos meus olhos
uma tontura
os lábios secos
sujos de barro
regalo em estado de sitio
o necessário verbo deste transe
farpas na língua
serpenteiam
a ignorância do convite
tudo se mistura tao rápido
que a natureza da luz se modifica
de repente
sinto
a fragilidade
de meu corpo-maquina
um odor cirúrgico
paira neste quarto
acordei
estou num hospital publico e barroco
leito encardido com gosto de cigarro
rasparam meus cabelos grisalhos
pouco sinto minhas pernas
uma adolescente esta ao meu lado
mas não entendo nada
preciso de musica
de alguém que me abra esta janela
anseio ver a vida la fora
memoria
duma saudade desconhecida
que me atordoa
hoje faz uma década de acidente
meu humor continua o mesmo
porem sou
o ceticismo de toda verve
zebras passeiam na minha testa
foram os desenhos da filha
que aliviaram aquela tragedia
de bala perdida
me transformei em alvo
mas nada sentia
a carteira
ficou para sempre naquela estrada
o motoqueiro aventureiro
ainda goza deste espasmo
que oxigena o corpo
outra vez
repete seu engenho
prosaica cosmogonia
no trampolim das imundices gloriosas
eis todo fluxo ...