o egoísmo de sua maldita solidão me deixou tonto
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante
por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita
vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo
vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia
só me resta dizer sobre as amarras
provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado
outra paisagem
esquecer o caminho
abandonar o infortúnio de toda chegada
meu melhor destino nunca reclamou vitória
então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia
senhora segurança
voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina
garantias que se apagam da lembrança:
a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa
ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa
a mesma brincadeira de sempre:
sair de casa pra fazer yoga
nesta cidade careta de belo horizonte
tive um sobresalto
mais uma vez
olhos encharcados de renúncia
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