quarta-feira, 5 de setembro de 2012

música de sonhos surrados

o egoísmo de sua maldita solidão me deixou tonto
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante

por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita

vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo

vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia

só me resta dizer sobre as amarras

provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado

outra paisagem

esquecer o caminho

abandonar o infortúnio de toda chegada

meu melhor destino nunca reclamou vitória

então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia

senhora segurança

voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina

garantias que se apagam da lembrança:

a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa

ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa

a mesma brincadeira de sempre:

sair de casa pra fazer yoga

nesta cidade careta de belo horizonte

tive um sobresalto

mais uma vez

olhos encharcados de renúncia

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