o retrovisor que machucou meu braço
dói menos que o declínio deste instante
andarilho árabe na passarela da rua e do metrô
fuga de mim
misterioso meretrício
confundo sinagoga com mesquita
de tanto enxugar as lágrimas do tempo
atordoa
desarranjos de palavra
verborrágico instinto
hospital não adianta
nuvem só não vale
a doença foi este pesadelo
nos pergaminhos
do riso
do ego
este pasmo
e se gritasse filho da puta
a frase frustraria o reflexo da lâmpada
então fui de braços abertos irremediável encontrar a noite
beber a mesma cerveja no botequim trivial e gasto da esquina
só não pude ler no livro de seus olhos
senhora plenitude
adjetivos de leveza e liberdade
isso deixou minhas asas sujas
de barro
de sangue
pois o carisma no paraíso das carrancas
afagou os ferimentos da pele
sem ouvir ressonância
maldizia
coração com buraco
coração que ventila
Nenhum comentário:
Postar um comentário