acredito em nada
tampouco nas promessas dum sonho flutuante
o que não funciona é tão sentimental
como a solidão sedentária daquela cidade
transeuntes que atropelam meu ócio
arquitetura do parto
vou dançar o último tango das ilusões perdidas
a decadência dos cristais suntuosos
tecido vermelho vai virar turbante
tudo será perfeito menos aprimorado
nariz de muçulmano antes da queda
na hemorragia do verso
um só vestígio
o fôlego de minhas entranhas sitiava os portais do corpo
sabedoria é saber que sou
a natureza dos náufragos
o banho gelado em contagem
a cachaça do eterno abandono
todavia
borboletas marroquinas sobrevoam os jardins da infância
porém
meu mais novo brinquedo
passou a ser um lixo exótico
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