acaba passando dentro de mim e escorrendo pro papel
se sou favela não - mas a fartura de meu grunhido é árabe
as coisas se mistuam- se diferem - se diluem em seu próprio conceito
fica a babação de ovo - os automóveis esquecidos no brejo
o prêmio mabel de lixeratura
o hotel luxuoso de marrocos com seu paradoxo de miséria
falo de quem fala em devaneio
é bandido querendo virar playboy
é playboy querendo virar bandido
é gente fora da moldura querendo entrar
é gente dentro querendo sair
é vaga por demais a existência com esse muro
um murmurio rouco
escritor que mandou prefácio com boleto bancário
pra mim pagar com moedas de ouro seu ofício
confesso
se ganhar o jabuti do ano vou virar jagunço
beber licor de jabuticaba pelado na rua
cantar fuscão preto na flip até vomitar beleza
vai ficar lindo meu rosto suado e sujo dentro da galeria
possesso de garranchos e outras crateras
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