quarta-feira, 28 de março de 2012

ensaio cegueira mais de nove anos

o amor nômade conheceu diante o improvável a embriaguez da lua
sangue que se mistura
há mais de nove anos olhos se perdem
nuvens com gosto de algodão doce devoram o firmamento
ser sem nenhuma promessa
oferenda
dorminhoco de meia
odalisca sem burca
na antropologia do sonho
legião tem outra cara
alimenta o corpo
ancestrais do instante
irã-áfrica-brasil
abraçando com alma o vento
vertiginosa língua
beijo e espasmo
no semblante ternura
outrora incansável seria o encanto
palavras e parábolas num só fôlego
repouso de borboleta
orvalho
pôr-do-sol
chuva

pois em amor lhe dou pérolas da imaginação modificada
um felicidade triste sem recalque
maior que palavra responde
flutua na música de nossos olhos
dor que acalma
acaso os relicários da alma brilharam
deixando rastros na travessura surreal do tempo
outra cumplicidade
a cidade regurgitando um deus antropofágico em cada esquina dança
mulher bonita lavando o cabelo na rua
dez gotas de rivotril e um abismo profundo
corpos experimentando a sede
espinha no rosto
o futuro subjetivo do objeto que se persegue
uma tribo indígena
indigentes de rayban fumando o último cigarro
em cada verso um espanto
solidão explodindo na cor de cada tatuagem
produziu velocidade bastarda no sonho
voz que me lembrava da deusa
minha doença de existir em tudo
constrói comigo o trapézio
enche de balões o quintal
a gente deita no mesmo chão
e trafega pelo trânsito da memória
na razão rudimentar de cada risco
sua beleza rainha
brinca faz sorrir
nos mediterrâneos da catarse
deixa minha boca intoxicada de silêncio
até fica bom ouvir que você leu o paulo
que as vezes se importa com o povo
no patíbulo da prática
inaugura-se uma nova liturgia
sem nenhum disfarce

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