uma ferradura abandonada
no asfalto nu
nosso herói suicidou-se
então fiquei lembrando do bandido
que te botou pra fora de casa luizângelo
mãe chorava
e eu todo poesia
esfregava meus olhos na lua pra afastar aquilo
só agora ouço outros acordes
na solidão histórica de meus dedos
bisgodofu e suas gloriosas tragédias
fica evidente que a mídia é uma merda
que pegou carona no filme da tropa podre
dando uma cagada
no destino sonâmbulo das metralhadoras que apavoram
tudo nao passou de novela
de novena
pra aumentar o preço da cocaína
olho gordo de milícia
santidade fardada
criança do morro pra ser notícia
polícia com os mesmos vícios do tráfico
na favela da senzala
os alemães receberam papai-noel de doze
ele ficou tão contente
mais tão contente que gozava
a cada tiro
a cada morte
a cada murro
promovendo a varredura das almas
ignorava o sonho das bicicletas embriagadas de sangue
terça-feira, 30 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
batuque cósmico
na sinagoga se ouvia o galo
naquele instante as frituras do destino
olhos brincavam - traduzindo desejo
livros eram aprisionados
no sarcófago da eternidade barroca
outrora minha voz esteve apaixonada
nos terminais da loucura que perdia o fôlego
na camaradagem das estrelas
sonhos mutilados me cobravam lógica
meu espírito ficou assustado
com palavras nômades abarrotado de acesso
presente em tudo
os rebanhos gritavam a resistência dos corpos
jaziam de onírico as parabólicas de terra
griots nos bulevares da história
algo me fez enxergar os tambores
deusas que divagam pela natureza dos poros
maxacalis da fábula
iguarias nos terreiros de odin
flores primitivas no asfalto da vida
naquele instante as frituras do destino
olhos brincavam - traduzindo desejo
livros eram aprisionados
no sarcófago da eternidade barroca
outrora minha voz esteve apaixonada
nos terminais da loucura que perdia o fôlego
na camaradagem das estrelas
sonhos mutilados me cobravam lógica
meu espírito ficou assustado
com palavras nômades abarrotado de acesso
presente em tudo
os rebanhos gritavam a resistência dos corpos
jaziam de onírico as parabólicas de terra
griots nos bulevares da história
algo me fez enxergar os tambores
deusas que divagam pela natureza dos poros
maxacalis da fábula
iguarias nos terreiros de odin
flores primitivas no asfalto da vida
terça-feira, 23 de novembro de 2010
piolho nababo
pinto
pinto
pinto minha boca de vermelho
desenhos são desejos que divagam ...
e a pintura é uma puta de oitocentos ânus
que morre de amor pelo poeta
a propósito o que seria de mim
sem a passividade
da cor
do cu
calabouço de vertigem no estupro do verso
piolho nababo
na cabeça das marionetes que dormem
amanhã sou nada
pergaminho de silêncio em tudo
vatapá para os vagabundos deuses
o jeito é me prostituir por tão pouco
tanto seria se não fosse
de um olho só
o sol assola a peste
pinto
pinto minha boca de vermelho
desenhos são desejos que divagam ...
e a pintura é uma puta de oitocentos ânus
que morre de amor pelo poeta
a propósito o que seria de mim
sem a passividade
da cor
do cu
calabouço de vertigem no estupro do verso
piolho nababo
na cabeça das marionetes que dormem
amanhã sou nada
pergaminho de silêncio em tudo
vatapá para os vagabundos deuses
o jeito é me prostituir por tão pouco
tanto seria se não fosse
de um olho só
o sol assola a peste
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
uma deserta ação
conheci oitenta mulheres que se chamavam ana
da primeira à última
com todas elas minha imaginação transborda
viva a efervescência do gozo
sem puritanismo a virgindade feliz até os vinte anos
foi fred quem falou
em terra de urubus diplomados
os sabiás já não podem cantar
assim percebi que na confraria da arte
só tinha cuzão adornando o rosto do passado e do espelho
botando lenha no vazio
e rogando praga as aves do instinto
cada um com seu picasso
com sua kawazaki ninja
arrotando cerveja na cara do outro
pois o gênio cortou a orelha
exausto de ouvir a falsa dor dos dinossauros
da primeira à última
com todas elas minha imaginação transborda
viva a efervescência do gozo
sem puritanismo a virgindade feliz até os vinte anos
foi fred quem falou
em terra de urubus diplomados
os sabiás já não podem cantar
assim percebi que na confraria da arte
só tinha cuzão adornando o rosto do passado e do espelho
botando lenha no vazio
e rogando praga as aves do instinto
cada um com seu picasso
com sua kawazaki ninja
arrotando cerveja na cara do outro
pois o gênio cortou a orelha
exausto de ouvir a falsa dor dos dinossauros
terça-feira, 16 de novembro de 2010
verdade você é uma mentira
pirulito de morango
sol rachando os olhos da menina careca
um adeus com gosto de sexo e distância
quer que sequestre sua alma
nas tardes frias
uma punheta
um novo desejo
música pra dançar a noite
olhos flagelados de fotografia fogem
na madrugada adentro
te achei com cara de libanesa-tanto-faz
sua língua em minha boca
naquele instante chora
cansado
de camisinha vencida no bolso
sorri para o mendigo que me chamava
sol rachando os olhos da menina careca
um adeus com gosto de sexo e distância
quer que sequestre sua alma
nas tardes frias
uma punheta
um novo desejo
música pra dançar a noite
olhos flagelados de fotografia fogem
na madrugada adentro
te achei com cara de libanesa-tanto-faz
sua língua em minha boca
naquele instante chora
cansado
de camisinha vencida no bolso
sorri para o mendigo que me chamava
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
sólida solidão do sonho
quero limpar a bunda suja da poesia com seus treads
ah como estou cansado das prostitutas do facebook e do orkut
deste amor globalizado que fede
pois o google da língua é podre meu bem
beija minha boca de silêncio e sombra e suma
tatuado de desejo o corpo sofre
ah como estou cansado desta solidão sem rosto
deste sorriso abafado
de tudo...
afinal já dizia o poeta
quem não nada não voa
ah como estou cansado das prostitutas do facebook e do orkut
deste amor globalizado que fede
pois o google da língua é podre meu bem
beija minha boca de silêncio e sombra e suma
tatuado de desejo o corpo sofre
ah como estou cansado desta solidão sem rosto
deste sorriso abafado
de tudo...
afinal já dizia o poeta
quem não nada não voa
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
anotações pra uma dança-mumu
duas cadeiras e uma mesa
sapatos coloridos espalhados pelo chão
copo garrafa e charuto
mumu dança o vazio
música estrondosa sem correspondência
violão tocado com talheres
arranca-rabo de som
corpo no orgasmo do texto
as bananeiras se abrem
só se pode ouvir o vento
mumu carrega no colo os sapatos
como se fosse um pai afetuoso
numa língua desconhecida ele fala
tem olhos vesgos hipnotizados de chuva
gritos traduzem o eco das sombras na parede
assim o silêncio se cala
sapatos coloridos espalhados pelo chão
copo garrafa e charuto
mumu dança o vazio
música estrondosa sem correspondência
violão tocado com talheres
arranca-rabo de som
corpo no orgasmo do texto
as bananeiras se abrem
só se pode ouvir o vento
mumu carrega no colo os sapatos
como se fosse um pai afetuoso
numa língua desconhecida ele fala
tem olhos vesgos hipnotizados de chuva
gritos traduzem o eco das sombras na parede
assim o silêncio se cala
ananda
quero voar papai
ir pra casa da vovó chupar bala de melancia
pois o rio de minha voz
atropela a solidão do desenho
vou fazer careta pro sonho
cosmogonia de trapo
pra formiguinha em meus olhos brincar
ir pra casa da vovó chupar bala de melancia
pois o rio de minha voz
atropela a solidão do desenho
vou fazer careta pro sonho
cosmogonia de trapo
pra formiguinha em meus olhos brincar
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