decidi rejeitar a ilusória dor
retirar do peito esta lembrança
colocá-la em quarto de despença até ser possuída pelo mofo
o que não consigo é investigar as coisas que amo
adjetivar as incertezas daquilo que julgo
as vezes gosto da paisagem
das manhâs que sinto uma felicidade inexplicável
noutro dia nada disso faz sentido
até o canto das aves me exaspera
o desejo se transforma em desastre
depois vira sopro
ar parado
virtude inexorável pra cada sonho
aí me deixo
terreno árido
abandono em noite sem lua
mas diante tudo
aquela mesma dor que negava reaparece
faz um reboliço insano na minha cuca
e no altar quotidiano do desespero me vence
fico ruminando derrota/ até gosto
poeta-menino sorrindo abestalhado para os automóveis que passam
depois em silêncio consigo me iludir com pranto
exaltar o risco
sequela no caminho que me perdi em tantos
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
música de sonhos surrados
o egoísmo de sua maldita solidão me deixou tonto
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante
por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita
vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo
vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia
só me resta dizer sobre as amarras
provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado
outra paisagem
esquecer o caminho
abandonar o infortúnio de toda chegada
meu melhor destino nunca reclamou vitória
então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia
senhora segurança
voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina
garantias que se apagam da lembrança:
a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa
ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa
a mesma brincadeira de sempre:
sair de casa pra fazer yoga
nesta cidade careta de belo horizonte
tive um sobresalto
mais uma vez
olhos encharcados de renúncia
a sua falsa mania de mudança
é tão bestial como o sorriso de um qualquer passante
por que sei que no fundo do poço a sua vontade de conforto grita
vida arraigada num futuro que nada na cloaca do tempo
vou cuspir no olho da casa
na obesidade do fôlego e na cadeia
só me resta dizer sobre as amarras
provável que todo espanto se transformne em deboche
gosto podre/ dente cariado
outra paisagem
esquecer o caminho
abandonar o infortúnio de toda chegada
meu melhor destino nunca reclamou vitória
então fica mais suja
continua limpinha toda lógica
dentro deste apartamento deste aquário
contemplando da janela o inferno da vida alheia
senhora segurança
voz perdida/ música de sonhos surrados
silêncio tosco que não contamina
garantias que se apagam da lembrança:
a carteira de motorista/ a carreira daquela prostituta
a estante fedendo a livros/ a marca de sua blusa
ter quem paga as contas
quem bota comida na mesa
a mesma brincadeira de sempre:
sair de casa pra fazer yoga
nesta cidade careta de belo horizonte
tive um sobresalto
mais uma vez
olhos encharcados de renúncia
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