sexta-feira, 1 de outubro de 2010

carta aberta para alguns fechada com gostinho de gonorreia e mulher pelada

enquanto as crianças dormem
além dos alegóricos defeitos
periferia sonha
no capitólio das ilusões uma outra vida
outrora entre loucura e velocidade
mergulho minha dor neste ritmo
esparramando lágrimas nas entranhas sujas do tempo
totem do tambor alucinado
moribundo mistério
fálica solidão de pardais sem instinto
fui de revolta este morrer inútil
língua vagabunda na aurora dos fantasmas boêmios
sequelado de imagem
no momento celestial
que os centavos eram cobrados de alma transparente
exu repousava debaixo do viaduto
no exílio deste pasto
a lesma aprendeu de iemanjá a lábia da espécie
enquanto eu bebia nas vísceras da enxurrada este sangue
manhãs me sufocam
na tocaia do verso
vertiginoso espasmo
foi o povo que deturpou o firmamento
viandantes do sol escreviam no esôfago das goiabas
a ruptura flutuante da peleja
doença assistia novela
futebol paranóico na televisão prostituída
travesti carla com blusa de onçinha
e mamilos de fora
atiça pajé maltrapilho com tesão nas margens do corrego
arte só presta se houver um brilho imundo
falo do cu
da lepra
da testa
da fuga
comendo pastel de palmito
disposto a roubar a saliva de baco
que já não nos presenteia
estou armado de espírito
com olhos vesgos de caatinga
meu desenho odeia as artimanhas do ego
sinto que só sou forte se vivo
primeiro:
abandonar tudo
vontade de volupia e bosta
colorir a alma redundante da mentira na calçada
pois já não enxergo o céu com os mesmos olhos
cego fiquei no labirinto das iluminações medievais
sei da existência homofóbica desta sombra
tirésias de luxúria
boca vaginal que me seca
orgia que arrebata as encarnações do sonho

(...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário