terça-feira, 26 de outubro de 2010

meu pau-brasil romântico

brasil onde a vitamina de banana tem gosto de jabuticaba
teatro a céu aberto
não penso que arte deva apontar caminhos
mas que seja de perdição seus passos
infinito caolho no caldeirão da cultura corrompida
terra sequestrada
na catequese das indigências/ indígenas engolem o terço
indigesto por tanta lembrança
sou o mesmo mameluco que chora na floresta
o parto precoce de toda américa
tesouro furtado/ hoje relógio para dosar o tempo
meio-dia que já não percorre as sombras
estrangeiros com gigantes vassouras pra varrer o mundo
epidemia pra todo lado/ pajé que trocou sonho por loa
orixás perderam força/ no terreiro da imaginação sufocada
vísceras que não se mostram
estes antepassados alimentavam o fogo
incinerados se consomem
resta o fôlego dos exploradores da virgindade rarefeita
ong que financa a cooperativa da culpa
adoça a boca e suga os resquícios da beleza com fome
ventríloquos do sol/ esqueçam a humildade
o cão com babas de ouro anda obcecado por nossos olhos
pois os águapes da história entraram em extinção
antes de nosso herói viajar pra disneylândia
digamos que a volúpia dos girassóis rendeu muito
e que novos braços foram fabricados com o esperma da guerra
espalhando um samba hoje tão moda
nas mansões e condomínios fechados do país
complexo de alfaville/ segurança eletrônica da alma
arranha o rosto dos computadores apaixonados
carcomendo a frieira do padre vieira
que com sermões só nao conseguiu moralizar o vento
há tanto a ser dito/ em mim um silêncio gritante
te amo brasil
minha prostituta sadomazoquista de quinhentos ânus
criança esperando papai-noel com sapatinhos na janela
você que ganhou de presente a primeira cpi do ócio
bomba atômica no carnaval da vida

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