terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

marujo que nao tem mandinga - sem mentira no peito nunca presta

hoje dei um tapa em meu exílio
brincando na cercania minoritária dos instintos
adoeci meus olhos noutra catarse
e até fumei dois cigarros
contemplei no rastro cômico de qualquer renúncia esta comédia
a cerveja custava cinco - não comprei
pela propaganda me dei ao luxo de invadir a indústria
fitando a gostosa que um dia foi em arraial com seu poema de doze anos
fragmenta-se a ladainha dos dragões nervosos
cantarolando erva daninha de geografia
tem lá três - quatro autistas de beco
mas a maioria caminha em bando
fingindo ser baco
relato o sujo caldo daquela oferenda
instante em que perdi o ônibus
filhinha
tu sabes que soy uno hombre solo
um relógio sem ponteiro
que nunca perdeu a hora
nada pela luta
baba-ovo
só pela puta de farol acesso no meio da barra
jamais vou amar quem escreve
com a mesma intensidade que sinto pela rua
odeio a tosca artimanha
marujo que não tem mandinga
sem mentira no peito nunca presta
sei que amanha o mesmo estado que condenas
serás o mesmo que apoias
bebes no gargalo - elixir de fronteira
e joga fora minha carta
por que não irei adentrar o fluxo de nenhuma espécie
deixo de lado a murrinha deste mico
ademais tudo ali perdeu o trono
a capacidade de escuta
tanto faz
do alegre ao triste
atira no escuro
rastro duma vidinha contaminada
a cada segundo serei outro
sem apologia no desregramento substancial da voz
deito-me cansado
capaz de conduzir toda boiada para o abate
li entre os camundongos esta fúria
tua fuga pela palavra adorando as pernas da ninfeta
vento in volúpia de vigília
onanista amigo fraternal do capeta
os tais anjinhos pederastas sobrevoam o abismo
tempo de guerra
só não esquece de levar a espada
a metralhadora
o canivete pra despir a laranja
mira o nariz vermelho daquele bufão que tomou porrada
pois te recebo com ou sem vícios
aproveita o comércio
vende mais trufa
solidão faminta nem carece de futuro
sol grita
mas a liturgia aqui tem outras farpas
eis o fim no gozo do firmamento
o bichinho reclama e não faz caso
de orquídea nem de grana
segue o regime do cisco
circo deste maniqueísmo chulo
foi preciso enxugar as enxurradas lágrimas noturnas
no terreno baldio da alma

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