os olhinhos de beca resguardam toda cor - é a crônica dum
novo dia
arroz doce - queda de patins na praia deste asfalto
o verborrágico caracol adora a anatomia do tronco
encontrei peixe vermelho com listras brancas no brechó
guarda-chuva que nunca fecha - sol continua quente na cuca
traço a realeza do risco - lua no segundo andar contemplo
zicroquetes e a fúria de um quarteto incestuoso
as criaturas vituperam o canto - beleza ao lado das coisas
que inflamam
regurgita amores no ócio - oito vezes costura a mesma
camiseta
respondo que sou das tardes de algazarra neste céu de anil
que não estou competindo com os vaidosos
passageiro neste trânsito destrambelhado - em mim seus olhos
se agasalham
sempre a mesma garatuja - cigarro que se apaga em meus dedos
- gosto amargo na boca
grama ficou molhada - a paisagem devora o gozo - por que amo
os atalhos da língua
vou tentar leveza na tempestade - que este sentimento nunca tenha
nome
meu corpo mais teu corpo é regente - consigo sentir a
alegria da melodia
chuva gostosa que nos convida - lá fora os carniceiros cospem no firmamento
o jeito foi construir o palco e atiçar a camaradagem do
vento
paixão - pessegueiro - sombra - me perdi na totalidade do
verso
janelas escancaradas do amor em curso - devo falar do mar - escorpião
e força
até agora entreguei aos transeuntes outra paz
groove daquele moço que só enxerga o próprio umbigo
que fique bem claro - o suor onírico que encharga meus ombros é ouro
este cansaço desperdiçou palavras na festa - perdeu o lenço
desorganizou a dança pra que houvesse vida
peço desculpas - porém dentro -
os travesseiros de alfazema grudados na memória persistem
picolé de melancia e as orquestras incomparáveis do ritmo
afagam os arbustos do reino n’água fria
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