quinta-feira, 26 de setembro de 2013

colher flores desconhecidas no ventre da terra

guardião do sono - muriçocas nos atormentam
acordo e as aves oxigenam o silêncio do quarto
só me interessa o desassossego da paz marina
beijos no ombro ao meio-dia
liberdade do sonho era eterna vigília
rosto de menina investigando o desejo
mãos que se entrelaçam pelo centro
solidão sisuda - até joguei lixo na rua
paulinho reclama e me abraça
você paga o almoço e mais uma vez amanheço com teu pijama
bebendo água na torneira - rindo para os cães no desenho da mesa
marina - flor tão lúdica - quase cerejeira
piercing que afago - perna toda picada - sua ternura é a pátina de meus ossos
mar presenteia a pesca - na confusão daquele instinto - te cobiçava outros mangues
éramos dois que se multiplicavam pela dança - pão de padaria pela madrugada
lembra: para rejane! teu sorriso assaltou o tempo
enquanto tu me manda o texto do menino mimado que não me suporta
me esqueço nas noites afagando tua nuca
sou penumbra - língua presa - palhaço - arlequim do angelical sentido
deu vontade marina de caminhar por estrada de barro   
colher flores desconhecidas no ventre da terra
banho de cachoeira - amor inundando o misticismo da pedra  
escrevo como se adivinhasse o que viveria
o verborrágico gozo - a menstruação da lua  
tomate seco na macarronada deste instante
preciso escrevinhar a escova - deixar rastros que devorem a dor
mesmo que um dia eu desapareça em meu próprio casulo
vou sentir teu carinho - teu calor no ponto de ônibus
tudo isso - as pequenas coisas - o simples nunca simplório
fortalece a radiografia da história - voz de penumbra
a cumplicidade do corpo degola o tédio deste compasso  

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