quinta-feira, 19 de setembro de 2013

latifúndio de pessoas picadas pelo pernilongo da matéria

a parte que te cabe neste latifúndio
latifúndio de pessoas picadas pelo pernilongo da matéria
ainda mais quando as paredes gozam de sua própria sombra
ouço o incerto - o prejuízo daquele acionista cheio de penduricalhos
nunca tive tanto - importante é o tombo
vendeu casa pro homem da cara feia - rosas de lata jaziam no teto
hoje o mato cresce sem mim - as cachoeiras aromatizam o sonho
resguarda essa dor por debaixo do chapéu
pula dum pé só enxugando o corpo  
enquanto o mesmo dorme nas terraplanagens do nunca
lavra a escritura dos igarapés menores - finge que pode fazer tanta coisa
é a ladainha dos rouxinóis que se lambuzaram de lama
volto com urgência pra buscar a bicicleta
pica-pau fazia música no poste - o teatro é um crava-dentes que não acontece
proeminente vazio - a vendedora recebeu outra parcela
o decote da blusa dos que assassinam o volante
a partir deste momento a loucura de ser cidade - as pendências bancarias
o poeta só sabe abandonar o barco - ser naufrágio perto de outro porto
a praga da razão persiste - o passageiro leu a carta da mãe pra xicota
ela dizia voltar logo - as estrelas iluminariam sua chegada
dentro do âmago o mesmo ritmo nunca pretendeu explicar nada
flutua nas alianças do número recalques de outra língua
alimentei o vento - saí sentimental e vasto   
lembrança de lenços árabes no bolso - jazidas de petróleo em nossa província
o que fazer agora - me agarrar aos olhos da antologia
ter ternura por tudo aquilo que desconheço - aprender a leveza da pluma
não - nunca - aproveita pra comprar a escada - botijão de gás feito formiguinha
tijolos inoportunos - a fábula dos que se perderam pelo caminho é promissora  
gafanhotos ao meio-dia - ninguém enxergaria aquele asceta            

Um comentário: