a parte que te cabe neste latifúndio
latifúndio de pessoas picadas pelo pernilongo da matéria
ainda mais quando as paredes gozam de sua própria sombra
ouço o incerto - o prejuízo daquele acionista cheio de
penduricalhos
nunca tive tanto - importante é o tombo
vendeu casa pro homem da cara feia - rosas de lata jaziam no
teto
hoje o mato cresce sem mim - as cachoeiras aromatizam o
sonho
resguarda essa dor por debaixo do chapéu
pula dum pé só enxugando o corpo
enquanto o mesmo dorme nas terraplanagens do nunca
lavra a escritura dos igarapés menores - finge que pode
fazer tanta coisa
é a ladainha dos rouxinóis que se lambuzaram de lama
volto com urgência pra buscar a bicicleta
pica-pau fazia música no poste - o teatro é um crava-dentes
que não acontece
proeminente vazio - a vendedora recebeu outra parcela
o decote da blusa dos que assassinam o volante
a partir deste momento a loucura de ser cidade - as
pendências bancarias
o poeta só sabe abandonar o barco - ser naufrágio perto de
outro porto
a praga da razão persiste - o passageiro leu a carta da mãe
pra xicota
ela dizia voltar logo - as estrelas iluminariam sua chegada
dentro do âmago o mesmo ritmo nunca pretendeu explicar nada
flutua nas alianças do número recalques de outra língua
alimentei o vento - saí sentimental e vasto
lembrança de lenços árabes no bolso - jazidas de petróleo em
nossa província
o que fazer agora - me agarrar aos olhos da antologia
ter ternura por tudo aquilo que desconheço - aprender a
leveza da pluma
não - nunca - aproveita pra comprar a escada - botijão de gás
feito formiguinha
tijolos inoportunos - a fábula dos que se perderam pelo
caminho é promissora
gafanhotos ao meio-dia - ninguém enxergaria aquele asceta
ficou bom esse heim
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