segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

nos porões da tristeza o que me resta é grandioso

entendo sua angústia neste ponto - entendo seu aproveitar nesta vírgula
a medicina não me ensinou nada - todavia gosto dos curanderos e seu anônimato
vi a estátua de drummond sendo pichada - o clip do caranguejo ainda hoje
deu vontade de escrevinhar a placenta no muro - amor sem o medo da mortalha
uma fotografia de lembranças não quer dizer nostalgia
livros na fila de espera - artaud que não se basta
vou barbudo conforme o combinado na tarde silenciosa daquela biblioteca
as árvores me gratificam sem nenhuma esperança - feliz é o gozo que me abre
tenho que vender o fusca até denegrir o que sobrou da paz
perdi o jeito - porém continuo a jato - cuspindo em nome da coisa
nenhuma deídade sabe disso - nuvem é meu trapézio - minha chegada
em busca de aventura - o sagrado alçou seu vôo
pois o ventre é loa - refúgio - baluarte - desregrou-se todo sentido
agora mata formiga com caneta bic e dorme
é o mel das ninfas degustado por quem não tem mais nada
minha solidão adora machucar seu cristo - este deus de barro que não fala
adiante - terás ouro e a condenação eterna de pagar o tributo
evoé baco - o que mais quero chega a flutuar em minha cuca
esta noite - vou contar a história subjetiva do peixe dentro dum pote de margarina
deixar a vida como se fosse uma anomalia
nos porões da tristeza - o que me resta é grandioso

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