domingo, 23 de fevereiro de 2014

prazer replantou a margem desse faz-de-conta

nem vou no bloquinho cultaria de santa tereza
tampouco mijar nas ladeiras históricas de ouro preto ao meio dia
marchinhas não me representam
sofro da moral que eternizou o tédio - reminiscências de antiquário
o silêncio daqui tem sua santidade - vida sem alegoria - pé-de-nada
é o carnaval das sombras - confetes que arreganham o cu das ruas
de novo - meu cansaço - pouca memória fazendo festa
o sagrado e o profano é só frescura
contemplo o moleque com sua fantasia de piroca
instante perfeito pra uma guerra - homem que apascenta o revólver
bocado corre pra dentro da noite
prazer replantou a margem desse faz-de-conta
desarranjo no caldo - o gingado do corpo é ébrio
bebe no gargalo sua mediocridade
porém os viandantes do gozo chegaram
um veste de marinheiro - a outra de chapeuzinho sem oxigênio
paz reclamou proeza - meus desagrados são inúmeros
alimenta a carne exposta na avenida
hoje a escola do estupro desfila com seu fictício protesto
amanhã serão os mesmo trogloditas na linha de frente
a rainha da batéria exalando luxúria -
tem quadril de absinto inteligente como uma mosca
quatro dias de espetáculo recomenda o porco
a lavagem cerebral ganhou barriga - encheu a pança
na suruba da inconsciência -  alegria vale tanto
outrora prefiro a melancolia dos que não se ajustaram
os que se orgulham feito um apache
pregos enferrujados que ninguém mais usa
tem samba no morro da invisibilidade ao avesso
dona aurora batucou na panela de feijão da falta
seu girondo temperou com lágrimas o acarajé da sobrevivência
assim vadio nas entranhas daquel palco - mundo sem acento
jogo espuma no rosto da fada safadinha
singular contraditório
gafanhoto de arame farpado só faz arte quando toma vento
cata-vento (...

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