quinta-feira, 6 de março de 2014

na enciclopédia da falta - singular mérito oco

um preso é bondoso com outro preso - pergunta - girassol ou  gira-noite
irrisório deus - dá um kant -  monstro que bebeu guaraná na paulista sem depois
outra vez corre atrás de boceta
foucault masoquista na arqueologia do ego -
compra um céu metafísico pra cada soldadinho de chumbo
desata o nó que prende o barco - é modinha
só quero o sapato no pé do morto como oferenda
pernilongo que não vai embora
na enciclopédia da falta - singular mérito oco
homem que anda na contramão deste instate
retórica - falcatrua e silêncio
a cerveja no vazio rudimentar da rua -
dentre outras cores - fotografias sujas de lama
vertiginosamente a vida nem carece de alento
reparou - daqui uma hora tudo se repete
alguém fazendo samba na laje - essa mandinga - essa suruba
a priori - beijo com renúncia o dialeto azul de seu distúrbio
querida - vou recontar as estrelas que sobraram na tigela
palavra umbilical da língua - existência
um famigerado desejo - atribuía destino as lágrimas do bufão
outrora um novo faquir excomunga a virtude do peito -
que se fez penumbra longe do gozo
neste sentido sou uma contradição perfeita
a violência da carne - paradoxo sem paz
coloquial  como a cueca do vovô detido
o acrobata italiano namorando na varanda a viuvinha - chora
cristão só para o meu cuspe -
a beleza do sofá queimado - próximo do caminhão de abacaxi - resiste
quando não afagam as pulgas até os carrapatos desaparecem
chego a cheirar o cu desta realidade suicída
risonho pela liberdade de quem vê a lua
descreveu ruínas de memória
como se a dor de um povo - seu sangue - fosse documentário
abandona chuva - incendeia coisas que amo  
pois no coração das rãs naufragou-se o vento
eu de terno e sem ternura admirando o brejo - serei outro
espero severino feito um cão banguela de rimbaud
no açaizeiro sem moléstia - chama cupim de santo
na mídia ou na média e não derrapa

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