quinta-feira, 13 de março de 2014

medo que dor regurgite o trapo

deixa te contar uma coisa:
aqui é tanto umbigo que nem se reconhece o tango
não temos botika fazendo performance no cativeiro
tampouco herança hereditária de papai feliz
sonhei que desistiria do bardo que me habita
cadeira pra mim não serve só pra sentar a bunda
entendeu
meu comparsa ainda na bolívia se imagina
me vê dois cigarros
este fica pra fuzilar a noite
este fica pra fuzilar a ordem
defender a tese do sarro
as ranhuras do permanente
como se as coisas ali gritassem
cães e cavalos eram o público - o desastre chegaria logo
porque não falar deste naufrágio
dos estudos de alice
vinte mil carrapatos de zarvos
esboços duma inspiração sórdida que já não acredito
pois o outro fabulava trejeitos na película
experimentei esta sede por alguns dias
 fui matéria para os patifes da prole
vai - pergunta -
quem escreve bem no brasil
quantas bestas se vangloriaram com a seiva
palavras perdidas do século dezenove
a resposta nem sempre é convincente pra quem é uma ilha
há no álibi de cada fotografia um defeito
humanidade governada pelo medo
medo das correspondências elétricas
medo de perder o emprego
medo de perder a calcinha
medo da paisagem - da memória
medo que move o mundo
medo que este silêncio sirva de alento
medo que dor regurgite o trapo
todavia posso instigar com gargalhadas a fonte
espero o inesperado
olhos que se afogam na imensidão sem nenhuma estrela
milagrosamente - esta língua - encantou a praxe - acelerou o transe

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