terça-feira, 22 de abril de 2014

a esplendorosa impotência do âmago - manifesto aos retardados que adoram arte - uma lavagem de pérolas a toda sensibilidade-vitrine do momento

luzbel de oribá - falou comigo naquele quarto dentro do sonho
se fez deus da poesia pela estrada latejante sem nenhum socorro
acordei magnético -
e vi o rosto do tal gracinha-márquez flutuando na banheira bem já morto
depois saiu pra rua como se fosse vento minha sorte
as árvores ali excomungaram toda cartografia
o inventário das bestas sobre a ponte -
que em domingos de páscoa engoliam o mesmo filé de merluza
tinha olhos chamuscados de lágrima este semblante -
anseio em varrer toda realidade romântica do corpo
porém teria que se mostrar pela metrópole -
frequentar feirinhas idiotas de bairro mastigando o quibe dos infortúnios -
brincar de monstro como se fosse uma alerta -
aí tudo se fortaleceria
minha solidão sem o aprendizado putrefato do primeiro gole -
prova que só tenho alma longe do peito
papo furado do teólogo broxa - aquele de capuz colorido - vendedor de cartilha
só devo lembrar-me de cioran instigando a decomposição e a queda
as gravuras de blake gravadas na memória e o elefante caxuleta  
assim esquecerei tudo - todo mundinho sem mistério e suas farsa
o fabricante de tabaco iraniano -
os monges de varanasi que contemplam a noite extasiados de fuga
não me peçam a senha - há bastante paz nos calabouços do espírito
este homem vendeu dois apartamentos para publicar seus livros
aos 59 anos se orgulha de nunca ter tido uma carteira de trabalho - tripalho - assinada
eloquente - distante - estrangeiro pra com toda verdade -
fora-dentro tem a compreensão sisuda - contraditória de um cata-vento
traz em si a esplendorosa impotência do âmago -
afim de exaltar sua temporada no inferno -
ele loa:
quem não for ridículo é fantoche - saco de gelo dentro da sacola
pelos becos encharcados de chuva o forró das alegorias é uma desgraça
experiência tenho em sobrevoar a vida - nunca os dreads obesos de batata -
tampouco o fetiche comportamental da língua -
pois denise era uma serpente emotiva na ressonância da música -
jamais alimentaria o capricho inútil de tomar um drink
nesta belo-horizonte de modernidades frívolas -
vejo até o mágico - ilusionista - perdendo a graça no edifício maletta -
masturbando em cada mesa - os entulhos de sua força com sua careca reluzente
digo logo -
darei um basta no bem-estar da ditadura social comprando uma metralhadora
aos arteiros de qualquer espécie -
cineastas - críticos barrigudos - literatos afrescalhados que usam um lencinho -
poetas geniais do desconhecido - desejo de todo meu coração que vão a merda -
e que continuem a trabalhar de graça pra toda virtualidade sem virtude -
dentro de suas mansardas - recebendo curtidas que inflam seus egos de lua
por que hoje -
o futuro - continua sendo uma punheta incessante
cambada melindrosa que não arrisca um passo pra fora da cerca

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