sexta-feira, 25 de abril de 2014

as flores vagabundas da língua

escrevendo a partitura do fim no vazio doce de cada boca
silêncio seria o próximo passo

o amargo de toda alegria como se fragilizasse mistério -
engoliu sua própria sombra neste mangue

sonho ali perdeu o gosto -
o sal do firmamento
infinito de palavras que se repetem -

corpo sendo a única verdade
volta volátil como as flores vagabundas da língua
assume todo risco - canta a dúvida em sua glória
morre de sede entre os rodoviários da razão e do erro

eremita das imperfeições acessas - chove em meus ombros
é torrencial o peso desta existência -

a larva da lágrima - o orgulho da mandrágora
transtornou o verso - avantajou o vício

pois agora desaparece o tempo - o entusiasmo da febre -

na cabeça trago memória e vulto -

preciso aprender a ficar invisível como este brinquedo -
contemplar verborrágico de mim a parede

no entanto ouço a fedentina das horas

esta dor cantante - primitiva -
estuprou as anemias do protesto - os jargões do sociável

eu que sempre amei os pirilampos -
a fofoca da paz -
o xixi das antas -

no escuro da próxima oferenda -
ofereço esta página como se fosse mandinga -
à primeira planta que nasceu na terra

solidão mantimenta com fartura a cidade

assassino de faltas -

no esplendor de meus olhos se ofuscam
                                                            o lençol
                                                                         o beijo
                                                                                    e a distância

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