escrevendo a partitura do fim no vazio doce de cada boca
silêncio seria o próximo passo
o amargo de toda alegria como se fragilizasse mistério -
engoliu sua própria sombra neste mangue
sonho ali perdeu o gosto -
o sal do firmamento
infinito de palavras que se repetem -
corpo sendo a única verdade
volta volátil como as flores vagabundas da língua
assume todo risco - canta a dúvida em sua glória
morre de sede entre os rodoviários da razão e do erro
eremita das imperfeições acessas - chove em meus ombros
é torrencial o peso desta existência -
a larva da lágrima - o orgulho da mandrágora
transtornou o verso - avantajou o vício
pois agora desaparece o tempo - o entusiasmo da febre -
na cabeça trago memória e vulto -
preciso aprender a ficar invisível como este brinquedo -
contemplar verborrágico de mim a parede
no entanto ouço a fedentina das horas
esta dor cantante - primitiva -
estuprou as anemias do protesto - os jargões do sociável
eu que sempre amei os pirilampos -
a fofoca da paz -
o xixi das antas -
no escuro da próxima oferenda -
ofereço esta página como se fosse mandinga -
à primeira planta que nasceu na terra
solidão mantimenta com fartura a cidade
assassino de faltas -
no esplendor de meus olhos se ofuscam
o lençol
o beijo
e a distância
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