sábado, 3 de agosto de 2013

falta anarquia para esta sensibilidade


prefiro me perder pelos atalhos do que procurar as certezas -
que vão se apodrecendo pelo caminho
o caminhão das formalidades não pode atropelar este sonho
aqui estão os pardais - os beija-flores malignos -
as girafas sem instinto que dão um raio
homem sem doçura em naufrágios de luz   
rezo pra que todo risco se acenda
depois cubro meus olhos com o lençol deste instante
sigo brincando e abuso do bronze de cada rosto
pernilongos nervosos se espalham
avisto um coração - não mais que um -
produto imparcial das ilusões que viraram moda
a cidade sempre foi dos medíocres - dos descamisados de alma
é o veredicto - quem sabe afasta a hora e deixa o tempo correr -  
se acasalando no vácuo - no gemido dum baque fantasmagórico   
maracatu-geringonça - os demais bebem sua própria liturgia
são as tigelas do mito - arruaça em cada esquina
os corporativistas da pele - os aventais sujos da lógica    
num colorido de argélia - nem sou o que se pesa - o que se pensa
tatuagem na coxa de hanna alimenta a luxúria de meus dedos
estas mãos monitoram o murmúrio 
alienígenas carcomidos alardeiam espasmo    
as provocações não adoeceram o momento
as ranhuras do verso reconhecem velocidade
depois dorme e sangra naquilo que não faz sentido -
amei a música de seus olhos - a matilha nômade do canto
fui desatando o nó das lamurias - a obesidade do índio
lesmas se afogam no casulo - li sobre o fruto - coração de elefante
falta anarquia para esta sensibilidade
pois a chuva aumentou os compromissos da enxurrada
a nacionalidade do vento sempre foi outra
mas o poeta pobre de grana tem lastro lúdico como tesouro
andorinhas que sobrevoam a matéria - anéis orgânicos   
no invisível - as entrelinhas do vulto
matemática de voz - avalanche             

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