quinta-feira, 15 de agosto de 2013

vertiginosa é a sina desta colheita

ouço teus passos no silêncio nunca simplório de minha vida
esta língua vai sempre exaltar as labaredas do sonho
nem para um final presto
aqui se propaga a dor das amoras que apodreceram pelo caminho 
pardais corrosivos em mistura de centeio
minha boca vale bem mais que ócio sedentário de toda anomalia
coração que canta no esplendor da linguagem afaga meu hálito
preciosa dama - hasteia as bandeiras da pele
jazigo de inexplicáveis aventuras - solidão que me socorre do medo
sol ilumina este naufrágio - pois as palavras cheiram -
abandono de corpo que um dia vai embora sobrevoar os hemisférios do espírito
que toda angústia possa florescer na manjedoura
na espera dos três reis magos que perderam o trono
eis a tríade desta paisagem que procura asilo
ruminantes de luz desaparecem no vácuo
traço a sabedoria sacramental desta ignorância
o destino das horas com sua adaga machucou o umbigo da terra
outrora toda nostalgia é redundante
as promessas aprisionam as louváveis contradições da garganta
desenho paz ensurdecida neste seio
minha ternura tende a desobedecer a ordem do gozo
desta forma as estrelas se mantiveram pálidas de sangue
lamparina no divã é exílio pra toda esta psicologia barata
por que só sei andar a cavalo entre os matemáticos marítimos -
e olvidar a eloqüência dos bobos
amor livre é preso na cartilha da liberdade controlada
receba este buquê - um faro estético que virou estrume
lixo comprado no brechó da ditadura dos olhos -
te deixou moderninha pela xurumela retrô do artifício
beijo fantasmagórico na alagoana lua bruxuleia mágoa
turbulência pede mais encanto - estranheza
tempo - as ampulhetas se derretem no fogo 
no garimpo misterioso da voz que gargalha
os coágulos do invisível se materializam
sentencia o imperfeito a beleza inqualificável da sombra
os atalhos do ritmo forjariam outras penumbras
vem chegando as tartarugas do apartheid
obra em luxúria - criança nas brincadeiras orgânicas do chão
ataca os paradigmas da amarelinha
como se alegorias já não segurassem o tranco  
às margens do que é rústico construí mansarda
a loucura deste oráculo expandiu o verso
iluminou minhas asas barrocas
estratégias de emprego sonâmbulo
as baldeações do onírico me são preciosas 
vertiginosa é a sina desta colheita
contemplei as linhas da mão até desaparecerem
na locomotiva oriental do crânio - rapsódia rubra
os demais fantasmas preparam o fandango
os girassóis da selva fortalecem o peito
nos vestígios da falta senti a santidade
nas entranhas moribundas do firmamento
devaneio é socorro antídoto contra os que esqueceram a noite

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