quinta-feira, 10 de julho de 2014

a tabuada de naufrágios nevrálgicos - carta-a-filha-da-mãe

mamãe tu que me arrancou de teu bordel
só por que não me comportava direito
fiquei órfão de teus duvidosos cuidados
ando triste igual aquele time filha da puta que não joga e a criança chora
tantas passei minha querida que não posso fingir angústia que lubrifica o peito
escrevi de pancada tanta palavra - muito verso - que só sei ser metralhadora nesta prosa
chega de conversinha - de boi que ronca - teu espelho perdeu o reflexo
o juízo é defeituoso e precisa de glicose no sangue - tua bordeleira de merda  
juro calmaria - tu sabe o que é caminhar feliz por aí sem nenhum trocado
o quanto devaneio nesta orgia
eu que me divirto com os potros - com os que não sabem ler uma linha de cioran
segue em frente mamãe - abocanha mais seguidores neste teu fracasso impotente
grita - reclama por mais sensibilidade doméstica
mãezinha emancipada - adélia prado de falsa epifania - ama mais teus carrapatos
eita fiote da porra tu exclama
este teu filho-demônio nunca foi chamariz pra poeta
ele só sabe sentir as coisas com instinto - energia
fodedora simplória - lhe dou um basta - corto teu dedo
escutei papai te fudendo - putinha acadêmica que não goza
tinha só três anos na escola da malícia
espero sinceramente que minha cartinha te traga sossego - conforto
distante - estranho pra com as referências que te cercam continuo
jamais serei viciado em teu nada - em tua poesia sem fôlego - carne-pálida 
nesta madrugada ouço a dor dos postes e me levanto
dei risada enquanto cuspia nesta tua carranca de lama
conte-me algo mais vivo
mamãe melindrosa que já não enxerga a rua 
a paz desgraçada daquele bicho
tua opinião não conta
não contemplou a planta - a raiz - crescimento cruel no abismo de minha língua
todavia mãe - a corda continua no quarto - amarra ela no pescoço e pula
coragem minha guerreira - quem sabe na hora algum resquício de vida aconteça
esquece teu credo e voa
joga todos os teus zaratustras fora - bota fogo na estante
discurso sem ação não presta
silêncio - cala boca mãe - 
pois há um monte de algazarra no deserto que respira  
desapareço desta tua inútil mandinga - de teu facebook enfermo
neste canto ecoa a tabuada de naufrágios nevrálgicos -
discussões que nunca foram racionadas a obedecer o ritmo  

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