domingo, 6 de julho de 2014

pra-ti-piva-o-tempero-ataco

outra me mandou pavesse logo de cara
diz que enxaqueca e mal humor tomou conta
que o povinho aqui só escreve pornografia  
sentia saudades daqueles tempos que supostamente trabalhava com criança
onde levantar cedo tinha um jeito gostoso
poesia nos primeiros raios de sol batendo na janela
porém hoje nada interessa -
feito um bêbado dizendo que sou referência neste exílio  
deixei pra trás a cama - o conforto daquela mesmice e fui morar no azul deste canto
lá contemplei uma mulher sozinha -
redundante feito um diário - adjetivando as coisas que falo
lógica nenhuma pode aplacar o sonho
vivo sem o balsamo de tua bênção
sem a nomenclatura da razão que veio corromper a música
deixa te contar uma coisa - meu crânio já ardeu mil vezes neste fogo
estilo dino campana neste labirinto  
ataquei memória sem nenhuma semelhança  
andarilho nas terras do norte - ouvi o coaxar das rãs pela estrada
dormi em palhoça fia e nem sou tão romântico como imagina  
aqui a barulheira infernal do vizinho é uma droga -
de amado batista à patativa - o repente não sara  
olha só que legal - o terrorista poetizando a palavra porca  
a favela acordando no domingo com um tesão da porra  
rimbaud sentado na praça chupando um sorvete  
uma manada de carro fazendo algazarra nas vísceras daquele beco
sei que tu não sente meu orixá - prefere ler camus toda alegrinha
assistir um filminho cult no cineminha bacana lá do centro
depois caminhar frígida - bem alimentada e tomar um táxi  
afaga minha fauna - minha fuga
qualquer putaria tem mais fôlego que adorar o próprio umbigo
toda subliteratura vale mais que teu deleuze - teu focault de cabeceira -
que pra ladainha da loucura deu luxúria   
na real vou atirando pelas entrelinhas sem nenhuma farsa
desgraça  
vez em quando a certo
mas estes erros são trampolim na arquitetura duma nova imagem
um bazar em budapeste - uma sauna gay em beirute
uma trepada em marrocos sem precisar de marcha  
é a vida avisando que o vento que se aproxima é forte
que não é quadro - nem van gogh que exalta meu sangue
soube que a solidão vagabunda de um pirilampo ritmava o gozo do tempo
mistério misturava o musgo - não é marra não
floresta que adentro - longe dos broxas que deixaram de ser bruxos   

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