terça-feira, 15 de julho de 2014

jamais vítima do exercício podre de toda lógica

este aí é só um tipinho adolescente - leitor de bukowski -
sustentado pelo pais - pagando de artista e enchendo a cara
enquanto aquela outra boceta frígida - ama lispector e só sabe atiçar água viva de apartamento
os dali desconhecem sol marroquino queimando a têmpora
o aroma hipnotizante de haxixe nas barbas milenares daquele ancião
bandolim mediterrâneo em formendera - um teatro nômade 
promessas de amor naquele beco - raparigas que não são de porcelana
cheiro de incenso num puteiro de quinta com duas orientais a tira-colo
resto de cerveja no copo - outra armadilha
nunca caminharam por este canto - jamais dormiram de mocó
mas adoram filosofia
abrem a boca com vontade e acreditam conhecer a vida
citam tempo inteiro dostoiévski em papinhos de boteco
porém nunca cometeram um crime - sequer conhecem cadeia - castigo
e não pensem que estou louvando simplesmente o desajuste
o super-homem de cada nietzsche seus idiotas
escrevo sobre uma desconhecida força que para os acomodados é porcaria 
garatujo na parede todo tormento - esta dor que vai se repetindo pelo tempo  -
sem hereditariedade alguma
sendo ignorada pelos que se sentem preciosos juízes daquilo que pode ou não ser eleito
adiante dou um basta em todo fetiche - nos literários concursos de merda que só visam fama  -
esta competiçãozinha  ridícula de letrados parasitas -
redundantes na irrelevância de qualquer academia   
pois o galo aqui ainda canta e treina seus filhotes bem antes de nascer espora
dorme ao relento pra melhor contemplar a lua
e quando fecha a janela já reconhece aquilo que respira
nunca se interessou pela filantropia asquerosa dos que habitam o galinheiro
tampouco pela falsa solidariedade - mãe dos desgraçados
onde os contribuintes do resto se transformaram em epidemia
este bufão viu com olhos de terra todo sarcasmo que permeia o mundo
o quanto os tamanduás da ironia adoram o brinquedo
extirpando algumas peças que venham estimular o grito - a anarquia
ele que nunca foi vítima do exercício podre de toda lógica
nasceu pária sem parentesco com os bobos
dante exilado em sua própria província - sem cicerone - beatriz - porra nenhuma
andou e continuará perambulando sozinho por este charco
recebendo da escoria sua artificial complacência sisuda
nesta hora os deuses do olimpo dormem na lama
é a vontade instintiva da língua sem os penduricalhos do afeto
tudo aquilo que dispara nem sequer almeja permissão e prece
o desconhecido mesmo que se foda mete o pé - pisa fundo
é o pergaminho da real história atirado na lata de lixo
sempre abafada pelos oficiais do mesmo -
nos porões da quotidiana ditadura -
nas senzalas que só mudaram de roupa
clubinho masoquista que só perpetua a memória
excitando os zumbis quando a carruagem passa
lá naquele terreiro distante repousa dândara -
fazendo mandinga exercitando sua força ela vai crescendo
todavia o carcará das alamedas ainda não sentiu o xingado desta capoeira
a martelada na cuca
assalariado que não desperta - faz plantão
imita soldado de rabo preso -
besta num só campo de extermínio é pouco  -
dá seu sangue pra bandeira feito um nóia

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