quinta-feira, 19 de março de 2015

ana e romildo

moravam no mesmo predio a muitos anos
romildo levantava ainda noite pra acordar o dia
madrugada a caminho da peleja
ana era manicure atendia em domicilio
gostava de livro
e nao suportava ze-povinho
romildo ao contrario aos finais de semana tomava uns golo no bar da esquina e ate pagava pinga pra bicho grilo
assistia novela botava som alto dentro de casa sozinho fumava uns e curtia
ele nada sabia de filosofia
poesia dramaturgia
nele era outro fogo que ardia
ela tampouco comungava
neutra no meio da manada
o que nao julgava
amada tambem nao se sentia
foda era a moral de tanto discurso
as diferentes aranhas de outra teia
pernilongos borrachudos
solidao caolha
por acaso um dia
dentro do elevador se conheceram
chave que caiu no chao
um obrigado
dois sorrisos palidos
faixa de gaza
muro de berlim dinamitado
algo para os dois acontecia se rompia
sem nome
sem intelecto
todo gesto
mesmo que fosse sem jeito
indiferente do plano
da sede do seculo
toda existencia era povoada de cisco
a primeira trepada
um trago no exilio
de agora em diante
ana e romildo
atropelariam o tempo

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