quinta-feira, 19 de março de 2015

coisa de poeta fazendo charminho

eu que me apaixono ate por formiga subindo no poste
cadela apedrejada no cio
vento na nuca da travesti siliconada
naquela madrugada
de paleto vermelho embrigado
botei riponga na garupa da bicicleta
e levei pra casa
yves nasceu na argentina morou em barra funda paraty jeriquaquara
seu pai morreu de picada de cobra
da mae desconhece o paradeiro
ela que escrevia uns poemas chorumelas
feito diario de adolescente retardada rebolava gostoso e tinha um boquete
que ate capeta via estrela
naquela noite a trepada foi violenta
virulenta fome voraz
chapamo o coco com vinho barato
fumo de rolo e licor de jabuticaba
gozei na cara na fronha no olho
ate minha solidao ficar enciumada
dia seguinte mandei yves embora
catei uns piolhos que ela deixou feito saudade na cama alimentei meus gatos dei agua pras plantas fumei dois cigarros e fui tentar ler crevel aquela bichinha que botou fogo no proprio corpo
nada me consolava
nem as prima la no ze do caju
davam conta do recado
botei guia no corpo fui pro terreiro
fiz mandinga oferenda pro santo
e esta dor desconhecida dentro do peito so aumentava
ja nao existia cais pra ancorar meu barco
toquei um foda-se fechei meus olhos cagando em toda melancolia
gostaria que me enterrassem vivo naquele mangue
coisa de poeta fazendo charminho
dizia rosa a rameira que amava

Nenhum comentário:

Postar um comentário