quinta-feira, 19 de março de 2015

dona tigrana e seu leão vermelho

dona tigrana dividiu cama e umas continhas de agua e luz que ela pagava sozinha com seu leao vermelho
um daqueles bebuns de botequim de aura iluminada mais sem um puto no bolso estilo poeta mentiroso
rico de sementes em solo infertil
moravam numa periferia bastante parecida com um quilombo
seu leao vermelho era considerado na quebrada e pegava as novinha tudo que pintava pela frente
dona tigrana sempre introspectiva moderada trampava feito burro de carga
mas de vez enquando dava umas despirocada
cai nos forro de lua cheia e arrebentava
num tinha viv'alma ali que nao crescia o olho naquelas pernoca torneada naquele rabo de saia naquele cabelao batendo na cintura
seu leao vermelho era homem nascido na cidade vez tanta coisera na vida que tocou um foda-se e foi seguindo
tempo ali foi passando as agua rolando os dois envelhecendo a poeira abaixando
que dona tigrana e seu leao vermelho
no mesmo espelho se penteavam
ele quase careca
ela de cabelos brancos e muito enrugada
descobriram o amor
como porta que batia com vento
seus fracassos se tornaram baluartes
pergaminhos de beleza triste
reverberavam alegrins duma nova alegria
feito fotografia dependurada na parede por vários anos

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