quinta-feira, 19 de março de 2015

lima pueblo

bebeu quatro licores de maracujá numa só talagada
e foi pro banheiro daquele boteco cantarolando cheio de axé sua dor
o coitado já nem tinha ânimo de divulgar seus livros pelas ruas daquele arraial
ficava ali no beco de noitadas duvidosas
gastando resto de trocado que no dia seguinte lhe faria falta
pois lá em seu barraco
água luz cafe-com-pão não tinha
mas pra um poeta toda penuria
todo mal agouro lhe inspirava
nao tem madalena
nem xoxota de novinha
que possa traduzir o orgasmo
que sentia com seus fracassos
madrugada
caiu la no forro do gongue
seus olhos devoravam um paraiso de pernas litoraneas
viu indiana pagar pinga com gengibre
pra paulistana tagarela
que abreviava tudo
churrasco falava churras
california era califa
e pra fuder de vez
aquele si-si-si era pau no cu
duro pra caralho de aguentar
feito seu demorots outra merda daquela comunidadezinha tecnologica sem vida
lima andava nervoso
ancestral cheio de defeito em seu arcano
quase nao dormia e pra piorar
sua filha foi arrebatada
pela cuca de um velho filha da puta
pe na cova que so pensava em dinheiro
na familia das ingratidoes cuspia
pela liberdade
alforria pra cada burro de carga
seja aqui neste brasilzinho fascista
ou na indonesia
o carvao ja nao consegue
camuflar as anomalias do corpo
ele divaga e no balcao pede mais uma
sozinho blinda
a falsa euforia do momento
este acaba-mundo
onde os revolucionarios de boutique
so sabem bater punheta
lima amava o risco
bem mais que este circo
com seus esporadicos
espetaculos do vazio
homem sincero era aprendiz de silencio
lavrador que sabia ouvir os apelos do solo
nunca este cenario decorando o palco
esta suposta qualidade besta de vida
materia de lama
abajur vermelho de bordel
puta que nunca se apaga
tragedia no sonho de portas vagabundas
onde a imortalidade
continua fedendo a mofo

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