terça-feira, 30 de junho de 2015

como posso ser justo com o outro se não ajudei a construir o palco

tem hora que a gente fica
sem querer olhar pro lado
meio a tanta penúria
atolado no lodo
tentando acreditar
nos caco de alma que nos habita
e acaba esquecendo
que a janela do mundo
pode ate ser
menor que nosso barraco
tudo fica acontecendo bem pertinho
e a nossa doideira inflada no peito
ofusca a visão tornando tudo distante
mas o homem de guerra sabe
ate o quanto poste oscila em sua paz
provável mente
se existe alguma proeza politica
sempre sera esta atitude
não institucionalizada
nunca conformista
que trafega na contra-mão
de todo já manjado discurso
não por ser só paralela
marginalizada
fora ou dentro da favela
algo que bate forte
que reconhece
que fora do sonho
a vida
continua
recheada de
absurdo
ignorância
toda esta droga
fedorenta e maquilada
bem ali
de repente
todo dia
sendo vomitada em nossa cara
tentando calar
este silencio gritante
a febre que ritualiza nossa voz
quando pergunta e ninguém responde:
como não encontrar identidade
com as coisas que nos atropelam ¿
como atuar sem medo
nesta divina comedia ¿
como posso ser justo com o outro
se não ajudei a construir o palco ¿
na dramaturgia de meu recolhimento
respiro sua catarse
e boto meu narciso longe do lago
afim de bailar
em seu terreiro contagiante (...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário