terça-feira, 30 de junho de 2015

meus cães - meus filhotes - sempre andaram soltos

eu cantava com as flores
bebia do vinho
repartia do pão
desta solidão
a maioria ali sentado no chão
tempo corria
era noite
a mesma melodia
estalava em meu peito
quando algum instante
clandestino de felicidade chega
toda guerrilha acaba dando uma trégua
certa leveza toma conta
mas o pior
continua sendo a sobriedade dos muros
a redundância da rua
o pederasta vazio que só fala de moda
não me interessa seu agrado
o espetáculo auspicioso nunca termina
me pagou veneno
avacalhou meu vicio
o nome disso foi amizade
as pernas da morena perfeita
que habita meus sonhos
o tratado dos homens reacionários
esta magoa repentina que voa
o que chega depois vai embora
verdade ou mentira
tudo tem o mesmo gosto
os opostos caminham
no pouco que resta do barro
admiro como possa sentir tanta sede
como pode peixe
se acostumar com aquário
não tive pai comunista nem ista
nunca me liguei a nenhum partido tampouco tive carteira de trabalho
joguei meu RG no rio arruda
e abomino toda essa balela de anarquismo europeu
que nunca serviu pra porra nenhuma em terras tupiniquins
o cabra atira
e o tiro continua saindo pela culatra
falo logo na lata
quem realmente quiser me ajudar
que divida
sua conta bancaria com minha pessoa
fica fácil falar de ética
com o bolso abarrotado de grana
bacana
jamais compre meu livro
feito esmola em mesa de botequim
por solidariedade
essas baboseiras todas
melhor encher o rabo de cevada
do que sentir-se dadivoso
o caralho todo
estou aqui de novo
diante minhas mortes
porem meus cães
meus filhotes
sempre andaram soltos ...

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