quinta-feira, 2 de outubro de 2014

na orgia do recolhimento fez morada

telefone tocou forte - porém nada o acordaria
tomou três derruba cavalo pela noite
pois sua cuca de há muito trabalha
levanta pelas manhas cansado
instigando a vertiginosa visão interior de cada quimera
agora batem na porta
uma voz distante ressoa
parece vir do sonho aquele eco
o barulho aumenta
ele nunca se entusiasma
alguém lá fora já não chama berra
pede socorro
mas ele não se interessa por nenhum grito
se agasalha e cobre o rosto encontrando silêncio
sente o quanto angustiante sempre foi a existência
pela cidade
bem ali
próximo de sua porta
gente pedindo esmola
vendedor de bugigangas
pastelaria
um bocado em trânsito perdendo a vida
de tanto sentir ele já não se espalha
na orgia do recolhimento fez morada
traz a perversidade de um rei que não houve seus súditos
de repente abre os olhos
as paredes do quarto estão acessas
o sol briga com as persianas reclamando vida
porém o tédio persiste
nada adianta
nem o brilho na janela
viaja mas não se abandona
prisioneiro do corpo
ilhado em si continua
o real gargalha
na cara dos acreditam
cospe em sua própria sombra e reina ...

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