quinta-feira, 9 de abril de 2015

esplêndida música - partitura mítica

e se o vinho foi adulterado na adega
pode crer filosofo doente que fiquei chapada
que nunca rezei para o seu deus
tampouco descansei naquela sombra
arquétipo de tudo aquilo
que ocupava a terra
vaidade lírica que não tinha sangue
um inacabado soneto
todavia dormi em território desconhecido
invisível aos olhos sem libido
daquele homem que se dizia poeta
essa inércia de murmúrios que já não consegue atravessar a vida
o que contempla mas não age
fiquei com ódio de tanta anemia
desse populacho que vai repetindo cartilha como se fosse novidade
do romancista careca
de tanto contar a mesma história
resolvi com este nada
meu próprio martírio
se tivesse elasticidade
lamberia minha própria xoxota e foda-se
pois neste charco solitário me construo
sendo meu gozo suicida este agora
vou exteriorizar o grito ou ficar muda para sempre neste recinto
escrevendo no chão de cada cidade
o quanto a existência continua enferma
maquilada por uma dor hereditária
sei que divagar nem paga o sal da terra
o pão devorado por aquele boia-fria no canavial deserto
sendo assim esta natureza alarmante dissociada do corpo morre
depois renasce noutro sítio
feito pintura
esplêndida música
partitura mítica

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