naufrágio do rouxinol
subjetivo
os cristais efervescentes da língua
estão prontos
pardais da mímica sobrevoam o
firmamento
eterno - retalho um só olho
silêncio
o farol das miragens
prossegue
estrelas se alastram pelo
sonho
cego descobriu a rosa
a família de meu canto
exaltou o sangue e combusta
vocábulos imprevisíveis
meus livros perderam a paz
o amor provinciano das
enxadas fabrica rudimentos
é prosaico este instante
anseio a simplicidade colorida
dos astecas
palavra é meu ungüento
os desenhos de ananda me
fabulam
vermelho que proclama o
cheiro
estalactites alteram a distância
um sobrado azul de esquina
veio confundir a noite
penduricalhos de tempo
arrasto
este corpo abomina razão e é
só movimento
ora lento numa velocidade sem
senda
risco me arrebata
até narciso sem espelho anda
em bando
a sutileza do gesto com suas
filigranas me ilumina
este poema não pretende ser o
que foi
relicário de luz e fogueira
arroios de catarse
imagem que perdura
de jaula solta como um cão que
uiva nuvens de ametista
trago intuição instintiva
lodo na garganta do sapo
decidi viver as coisas na
primeira pessoa se pulo pra segunda me sufoco
e a remela da beleza fica
sendo o estrume da cor
aqui também são os mortos que
me acompanham
van gogh vivo rasgaria suas
cartas uma por uma
cuspiria nos serviçinhos bancários
que levam seu nome
degolando a orelha de toda
modernidade
esconjura a fome da lógica
a paranóia da prática
e segue sem doutrina girassol
de criança
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