quarta-feira, 12 de junho de 2013

aqui também são os mortos que me acompanham


naufrágio do rouxinol subjetivo


os cristais efervescentes da língua estão prontos
pardais da mímica sobrevoam o firmamento


eterno - retalho um só olho

silêncio

o farol das miragens prossegue
estrelas se alastram pelo sonho
cego descobriu a rosa
a família de meu canto exaltou o sangue e combusta

vocábulos imprevisíveis

meus livros perderam a paz
o amor provinciano das enxadas fabrica rudimentos


é prosaico este instante
anseio a simplicidade colorida dos astecas


palavra é meu ungüento
os desenhos de ananda me fabulam
vermelho que proclama o cheiro 


estalactites alteram a distância
um sobrado azul de esquina veio confundir a noite

penduricalhos de tempo arrasto

este corpo abomina razão e é só movimento
ora lento numa velocidade sem senda


risco me arrebata
até narciso sem espelho anda em bando
a sutileza do gesto com suas filigranas me ilumina

este poema não pretende ser o que foi
relicário de luz e fogueira
arroios de catarse
imagem que perdura

de jaula solta como um cão que uiva nuvens de ametista
trago intuição instintiva
lodo na garganta do sapo

decidi viver as coisas na primeira pessoa se pulo pra segunda me sufoco
e a remela da beleza fica sendo o estrume da cor  

aqui também são os mortos que me acompanham

van gogh vivo rasgaria suas cartas uma por uma  
cuspiria nos serviçinhos bancários que levam seu nome
degolando a orelha de toda modernidade


esconjura a fome da lógica
a paranóia da prática  
e segue sem doutrina girassol de criança

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