carnaval dentro da boca da
estátua - nem enxergo mais o bando
fracasso em tornar o amor quotidiano
- música que me deixa desconfortável
arranjo destrambelhado pelas
vielas da embriaguez e do esgoto
guitarra só fez barulho - voz
comunga anarquia noutro quarto
me esforço para o nada - cigarro
queima lentamente
na matemática deste plano -
ilusão transborda
crianças semânticas denegriam
o chão - enquanto existir céu - urubu é rei
mesmo assim perpetua o
disfarce - na cidade das portas - perdeu o gosto
ego trouxe penduricalhos de
primeira - disciplina na arte da balela
televisão imunda - o coma é
coletivo - sempre foi
sabe de uma coisa - não
adianta procurar felicidade neste frigorífico
vitamina na carne do peixe -
nem nas hortaliças de época
pois se a vida te tomar de
assalto - reage - tudo é tão etéreo como este chicote
lembrança dentro do carro - pela
solidão do corpo - amanheceu segurando o copo
diz que odeia a dor no
silêncio da mata - meio aos hematomas corrosivos da alma
desejo que sobra - estuprou a
sombra e a espuma
seringas de leite - o resto
ilumina - colombiana de adorno - foto-malhada
na outra margem - os
renegados acossam - coração minguado - abandona o sonho
as metáforas aqui são diretas
- perguntei pelo tempo virgem das folhas
viscerais paredes - rato que
subiu no banco -
verso afagou a falta - vagalumes
coabitavam a noite
tinha furos e calos na língua
- grito que oficializa espanto
apesar da memória dando
sinais vitais com seu lado broxa
tem de haver um espírito
menos sóbrio que avacalhe o samba
ando escrevendo bem mais que
um cisco - humanidade nuca precisou de redenção
quando morreu o penúltimo
profeta - zaratustra foi lá e aposentou a mula
dizia eu - dialetos e gírias esplendorosas
tu ficava se masturbando na
dialética dos modos
pocahontas - pela porra da
disney - num desenho mentiroso
retira de mim - escarro de esperança que arregaça o
peito
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