segunda-feira, 3 de junho de 2013

o tempo virgem das folhas

carnaval dentro da boca da estátua - nem enxergo mais o bando
fracasso em tornar o amor quotidiano - música que me deixa desconfortável
arranjo destrambelhado pelas vielas da embriaguez e do esgoto  
guitarra só fez barulho - voz comunga anarquia noutro quarto  
me esforço para o nada - cigarro queima lentamente
na matemática deste plano - ilusão transborda
crianças semânticas denegriam o chão - enquanto existir céu - urubu é rei
mesmo assim perpetua o disfarce - na cidade das portas - perdeu o gosto
ego trouxe penduricalhos de primeira - disciplina na arte da balela  
televisão imunda - o coma é coletivo - sempre foi     
sabe de uma coisa - não adianta procurar felicidade neste frigorífico
vitamina na carne do peixe - nem nas hortaliças de época
pois se a vida te tomar de assalto - reage - tudo é tão etéreo como este chicote
lembrança dentro do carro - pela solidão do corpo - amanheceu segurando o copo
diz que odeia a dor no silêncio da mata - meio aos hematomas corrosivos da alma
desejo que sobra - estuprou a sombra e a espuma
seringas de leite - o resto ilumina - colombiana de adorno - foto-malhada  
na outra margem - os renegados acossam - coração minguado - abandona o sonho
as metáforas aqui são diretas - perguntei pelo tempo virgem das folhas
viscerais paredes - rato que subiu no banco -
verso afagou a falta - vagalumes coabitavam a noite   
tinha furos e calos na língua - grito que oficializa espanto
apesar da memória dando sinais vitais com seu lado broxa
tem de haver um espírito menos sóbrio que avacalhe o samba
ando escrevendo bem mais que um cisco - humanidade nuca precisou de redenção
quando morreu o penúltimo profeta - zaratustra foi lá e aposentou a mula
dizia eu - dialetos e gírias esplendorosas       
tu ficava se masturbando na dialética dos modos
pocahontas - pela porra da disney - num desenho mentiroso  
retira de mim - escarro de esperança que arregaça o peito

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