segunda-feira, 10 de junho de 2013

trapo de voz representa o fôlego

equinócio dos acrobatas defloro

maquinista que desenha com as duas mãos abertas
na carranca invisível do tempo outras nuvens

dois moleques debocham - esquecendo o lodo da história

olhos que viajam no vôo das aves

rua mansa hoje explodiu em congado
cantos ritmavam ainda mais o batuque
as agulhas se transformaram em víboras
  
este menestrel de soluços grandiosos
ama o silêncio das cores - fotografias de algodão doce -
instantes que choram

vazio de tanta misericórdia meu verso não tem disciplina

garatujas se confundem com a carne

alfaia de incertezas transcende

aqui trapo de voz representa o fôlego

imagina se todas sonhassem
se as paredes reclamassem vida

quem nos acordaria
com que relógio brindaríamos o tempo

sei que o néctar do capital é pálido
que as proezas do sanfoneiro se acomodaram nisso

mas yatiri fortalece as corolas

fogo libertando a língua 

aprumo de parábolas o grito

na frente do mar nem pude saciar a sede
maresia de alma - coração na boca
veio verdejante - primaveril - o gozo

os albergues da razão continuam fechados

espelho me propaga desastre

a ilusão da pele
o reflexo do olho dentro d’água

longe daqui uma melodia pede passagem
tanto que já nem se organiza o peso   

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