toda opinião pública é uma
puta disfarçada com seu dente de leite
rinoceronte de boca aberta no
meio do vento - chama de abstrato aquilo que desconhece
beleza triste atrás da
montanha - mulher de maquiagem em copo sujo gosta
atravessei a rua numa perna só
- com máscara de macaco freqüentei a biblioteca
glaudistônio sofre até no
nome - esta cusparada nunca elaborou um cão
vida é sem conserto - velho
com cara de conservatório grita
amorzona - este transe não pode
ser um traste - lugar viril - vestido preto - seqüela
contempla os orixás que
desapareceram numa nuvem de fumaça ou de lótus
acaso no dia seguinte os
saudosistas defloram a chuva - trago a invenção aos gigantes do barro
céu outra vez ficou vermelho
- as entranhas da terra se perderam num qualquer costume
caberia aos centauros do
cancro outra liturgia - este eu reclama e exorciza a língua
como se a mangueira macrobiótica
do verbo continuasse aberta - pestanejou a noite inteirinha
de repente ouve-se um tiro -
o grunhido silencioso de quem morre
jeito rudimentar dos que
abandonaram tudo - presságio do último bandoleiro
só o absurdo me plenifica -
recebi os que divagam sem vaidade em minha veia
ainda pouco uma borboleta fez
cama em meu braço - corpo em excesso d’água
passe definitivo do anel egípcio
na fome do cosmo
cavala as enxadas do ritmo
sem a menor dúvida
prejudica a névoa -
remanescente surpresa - o explorador traquina desgovernou a fala:
acabou o sabonete - barbatimão
não tem monopólio - coisa forte este instinto
sacramenta as chagas da penúria
- aposentando o desejo -
tudo bem - borda meu
florda-se no cu da rua
mal lido e incerto - certeza
que sou um clássico por estas mesas
as leitoas embriagadas me
adoram - os transeuntes gulosos ficam por derramar o sangue
na risada - o risco -
reza - o atentado terço -
devo - dizer - mais - nada
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