há dias um aperto sobrenatural reclamou morada em meu peito
gotas de chuva no semblante triste da terra
disparate absoluto nas silenciosas dunas da alma
apenas o sol pode restaurar o equilíbrio de meus olhos
vida pela necessária incoerência do gozo
angustiante certeza - sigo viagem
atravesso o cosmo e contemplo arco-íris de sangue neste céu rudimentar de presságios duvidosos
deuses de uma orgulhosa anarquia orvalham a incontestável razão do corpo
a mesma paisagem anuncia oscilantes proezas
dor em todo canto
o prazer sádico - o desejo cego
afeto eloquente sem regra alguma pela existência
seu peso desperta em mim uma gloria manca
condiciona o homem que experimentou a morte pra nascer em tudo
celebrando as núpcias de seu próprio destino
objeto irônico
as aguas intranquilas do mar assaltando a pele
florescimento orgânico de uma consciência modificada
cultuar os mortos não responde ao rito
tampouco perpetua o instante
de repente as formigas na enxurrada se afogam
o pia monta mais um potro revoltado
a miséria do bairro continua doce
a simplicidade das cores serviria a outras sereias
hosana desregramento pela substância mítica
desassossego no retiro espontâneo das horas
consigo arrancar ruídos em meu sangue
frequentando as ruas da cidade faminta
mouros de casbá fragmentam a fome de tanta beleza
fôlego que declina por sentir o vento na planta dos pés ou em cada telha
tempo de nuvens que se perderam no desenho
candelabros medievais fortalecem o âmago
a vaidade do gafanhoto abocanhou a noite
serpentes satirizam o estandarte das elementares propinas
garatuja-preciosa
comercializa as redundâncias da sede
a imortal primavera das facas
mistério que se embriaga na trovoada do medo
penumbras que alardeiam o sono
juro que o juiz foi-se embora
lúdica eletricidade imperfeita
esqueceu sua historia feito um copo lagoinha quebrado em mesa de boteco
partículas daquela aventura avacalham o espírito das pedras
na floresta das lágrimas
leopardos engravidam a distancia
carne laranja deste ego amarrotado
faz-de-conta que interrogava o grito
o grilo subterrâneo de longínquas palavras que se reproduzem
parasitas nas montanhas deste sobrado
o esconderijo das pulgas
uma realidade plena
para os quadros na parede do quarto
ali estão os árabes fazendo babaganuches mágicos
alfaiates de sombra
o fogo ...
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