sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

no recreio das melodiosas ilusões

provavelmente a mente tem lá seus apartheids
sentidos que superam o senso-comum
fora de qualquer disputa
filha-da-puta
falo sempre no singular e nunca no plural deste abstrato
fato
vida que me passa bem mais pelo sonho que pela lógica insuportável do tempo
loucura sem os esteriótipos da palavra
entonce
assisto a novela medíocre da existência a distância
a película da capitania hereditária suja de lama
teus olhos carentes reclamam
por que sempre vou abandonar a bagagem
odeio tanto o peso deste presságio
sinto-me liberto mesmo sendo excomungado pelos juízes da razão
tenho a imprudência como rainha
baluarte de dúvidas e adoro ser enganado
que me falem fantásticas mentiras
exaspera-me este verso
amo ao avesso os que se perderam pelo caminho
ovelhas desgarradas que desobedeceram o cajado
vi tua aura no recreio das melodiosas ilusões
invisível pela abortiva cegueira
o que se eterniza
foi casca de laranja na porta da sala de um sol gostoso
toda esta luminosidade madrepérola de poeira se confraterniza com o silêncio da boca
nada em toda plenitude de incertezas
as pessoas já não falam
repetem o mesmo discurso
papagaiam leituras ocas
outrora estou aqui em havana
mas também já dormi na rodoviária de ipatinga apaixonado pelas formigas do chão
essência que espalho pelo amor sem nome que tenho por minha filha
tara em língua de viandante
há muito esqueci família pra contrariar o medo
este ciúme por minha solidão mantimenta-me
resquícios mitológicos do musgo
que seja doce o veneno deste frasco
faca de dois gumes na resistência do banto
escuta a historinha:
numa fazenda de repolhos
troca-troca fazia com meus primos
os tais priminhos cresceram e arranjaram filhos mulheres e cachorros
agora acreditam administrar a moral do transe com os termômetros egoicos da hipocrisia
tem outra:
noutro dia sentei nas areias de copacabana apareceu uma mulher bacana e me pediu um cigarro
bebeu cerveja comigo pagou a conta a poesia e o programa
na cama meu pau não subiu - puta que pariu
poeta tem alma
reconhece como foi preciso degolar o passarinho
pedagoga
sua conversinha parece discurso político
então faz da crítica um elogio pra punheta
agora só faltava essa
meu vizinho comprou uma mula e botou dentro de casa na madrugada ela berra mija no tapete e chora
sei que me chamarás de louco
doente por que não possuo a racionalidade efêmera desta hora
naquele teu céuzinho quase escrevi cuzinho montei minha choupana
aproveitei pra viver meu gólgota
fiz estrelas de papel e colei no quarto
sempre serei noite nas sombras de meu corpo
melhor a gente falar putaria até o meio-dia
já que tu andas no auge querida
desejaria tanto que estivesses no transe
na idade emocional do cisco
memorável memória
ja dormi em motel suburbano sozinho pra aprimorar o tédio
continua dando risada
cara de arruda
deus te a-cu-da
não tenho amigos só cúmplices
lembra camus enfermo na argélia
morangos d'áfrica
lhe dou a senha se assanha:
qualquer orgia tem mais prestígio que matemático intelectual de academia
franciscano bicha que teve um enfarto no jogo do flamengo
se em são joão del rei encontrar oscar um poeta bêbado tu ganhou a viagem
pois o resto continua sendo um bando de capiau ordinário pagando de rico no centro histórico
metafórica luxúria
tive treze desmaios num só dia
alegria
criei tanta coisa neste teu buraquinho
verti outras lágrimas no campo das vertentes
botando as vedetes pra trepar na bicicleta
fascínio pelas putas e travecos da ausência
confessional de farpas e delírios
sou assim sendo outro
je est un autre
mineirada farofeira comendo muqueca capixaba na praia mais próxima
o mapa de baixo ficou mais bonito
geopaternalista a mistura deste orgasmo
ando doido pra lhe dar um apelido
vou lhe consagrar com um novo nome topas
criatura irrelevante deste texto
meu teto sempre foi outro
mais falta
mafalda
esta angustia patética pra tua inteligência libidinosa
és racional em demasia pra sacar que dois mais dois nunca deixou ninguém só de quatro
vou te mandar outra siririca
estou progredindo
sou quase um sheik marroquino morando na zona sul de belo horizonte
cafetão de deusas orgulhosas com tanta tragédia
no estágio das artes imperfeitas construí meu trono sem a lei karmica da pseudo-cultura
volto nas amigas de mafalda - diminuíram de tamanho
tomaram a pilula da ignorância feliz e nada sentem
chá de pica
receberam o diploma e até entraram em coma
l amour froid que la mort
sempre repito a frase de paco
a parede e o sangue dela
mulher-pedreiro sem os corretivos do mérito
abandona o emprego viaja sem dinheiro sem rumo e sem bagagem pede carona
roda bolsinha não
roda a mala inteira
vá sentir o sabor da vida na colômbia na venezuela
viaja de verdade e de vertigem
sai fora do miolo
quem sabe assim tu melhora a cuca cinderela
pois a intensidade do risco desprograma os robôs do afeto
o complexo de inferioridade dentro do opala
dá pala
e vai pra casa deste atalho
diagnosticar tua natureza
talvez encontre el camino
bem-te-vis-tucanos
depositários deste mesmo rastro labiríntico

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