sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

o terrorismo da propaganda

os dias vão se revelando
seja em paris ou em palmeira dos índios
qualquer homem de barba passa por terrorista aos olhos míopes da mídia ocidental e besta
além do mais o lixo da liturgia que perpetua a espécie sempre andou em risco
na contramão de todo passeio
assim os demais ególatras propagam dor que já não sentem
terrorismo duma tarifa absurda
onde os filhotes da passividade
ampliam o silêncio sem vigor de todo manifesto
o jornalista reclama da cobertura
por não ser ele o vampiro mensageiro da calamidade
artistas plásticos continuam cegos em suas torres de marfim
romancistas e poetas não passam de cacos de vidro neste beco
o cartunista francês encheu o bolso
a cidade comemora sua falta ritmando o deboche
o tal passado se transformou numa deusa tão presente
latente na cuca do antropólogo
na perifa ainda pelo pão se mata
este aqui já nem se orgulha de seu sangue árabe
instalou-se na capoeira
cavalo em área urbana
o desastre
as rédeas foram postas de lado
em resposta a qualquer mesquita ou sinagoga
o que pega
anda mais próximo que se imagina
o unguento de revoltas milenares hoje derramado pelas ruas
para poucos precisa transcender os papinhos de boteco
tenho duas metralhadoras guardadas em meu quarto
morando neste barraco
o gato da energia não produz gelo
na geladeira que só tem água
pergunto
vais divagar por tão longe
vida sensacionalista e sem verdade
não me interesso por nenhum válery
tem mais valia o moleque no campinho jogando uma pelada
digo mais
todo escritorzinho deveria pegar uma boa dose de gonorreia
frequentar os puteiros de quinta
dormir e tomar umas porradas debaixo da ponte
pra um dia quem sabe compreender algo desta estapafúrdia existência
nada de cometas amarelos
flores no charco
deidade destrambelhada
mão viciosa rascunha a tormenta
assim fica a arte do artista de perna bamba
quando alguém chega e realmente fala
anti-édipo algum desafiou este muro
nenhuma voz se ouviu naquele ônibus
como vou mudar pro mato se o musgo caótico deste mundo já não ventila
só participo da película se dividir o bolo
fora isso continuo a contaminar o espontâneo
me falou desenho
tens que pensar mais nos outros
digo que odeio toda pluralidade
a margem de tudo

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