sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

rima

quanto maior a sensibilidade maior o martírio - leonardo da vinci.


há bastante tortura
nos olhos da barata vidente de sua sina
pela iconoclastia do canto
satiriza o espanto
enquanto
a fome fragmenta o que se empanturra
apura
a cura de toda incerteza
fortaleza
maestro
o resto
nosso amor pela dúvida
duas vidas
interrogando
povoando
o vazio delirante do verso
ao avesso
voz de meu surto
o musgo
pau-latino de palavras verdejantes
amantes da seiva
néctar sobrenatural no escarro do corpo
ousadia
a luta
a puta
a pipa
sobrevoando estrela d'alva-serrano
meu último ano no fluxo da areia
a teia
vai ganhando velocidade
alarde onírico
o mímico universal da nuvem
percebeu a miragem
voragem anterior a este aborto
tartaruga contemplando a lamparina
a rima de minerva
a névoa do nirvana
lama naquela cidade
a tarde
carente de sombra
tem quem zomba deste paradoxo
no ócio da ferradura
a dura
caminhada
tanto faz
continua nua e alada
amada
pelas quilombolas sutilezas
nas mesas e nos patíbulos
mantimenta a substância
luz de toda existência

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