quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ohhh minas gerais quem te conhece não volta jamais

por que sou carro desgovernado
na estrada sem freio ...
e ha tempos
meus trabalhos
minha pessoa
continuam sendo
perseguidas discriminadas
dentro deste curral nojento
de belo horizonte
por não corresponder
com o tal vigente
alfabeto dos dementes
tampouco
rezar a cartilhazinha
da industria cultural hodierna
que confunde bosta com glamour
maconha com macumba
precisei
de mais de vinte anos de jornada
pra mostrar
alguma coisa
algum coice
nesta inhaca de mídia
fundo de quintal
depois que voltei de paris
agora só tapete vermelho
vai vendo kkk
mas já que não abro concessão
e nunca vou fazer
projetozinho pros sesc's da vida
das eloquente ditadura
fico exilado
dentro de minha própria pátria
que nem dante
botando em pratica
o homem revoltado de camus
inaugurei aqui
dois coletivos de arte-humana
nesta urbe caolha e míope
que hoje apelidaram
de performance
interferência urbana
qualquer porqueira subjetiva
que quando tira roupa
se consagra
minha empreitada só não foi pra frente
por conta da dinâmica da maquinaria
com seus clubinhos de esquina provincianos
que detestam curvas
fiz de tudo neste ermo
vendi caixinhas poéticas
no bolso de meu paleto
em mesa de boteco
fui nome-nunca
na frente do elefante branco
chamado palácio das artes
com suas suntuosas vernissages
pra meia-duzia
tomei garrafada
enquanto meus desenhos
nadavam no sangue
outrora
jamais fui e serei puto
o que não quer dizer que sou santo
feito um corpo
de empresários de galpão
nesta cidade caipira
que lavam dinheiro do povo
com isso que se convencionou
chamar de cultura
resgate ridículo
que só me faz
detestar todo documentário
por que tirar foto
sempre foi fácil
quero ver quem se retrata
assim
esta cúpula
com estes crápulas
continuam
a estuprar todo instinto
com suas artimanhas
que assassinam o espontâneo
promovendo suas viradas
que nao querem dizer
absolutamente nada
neste vaidoso circo ególatra
então
mijo e cago
pelas vazias bibliotecas
que se transformaram em sarcófagos
pois agora
em meus quase quarenta anos
comemoro
os cagados de meu jardim
o tesouro da invisibilidade onírica
a marmita de meu mexido
e não serei tese de doutorado
por quem não sabe
dividir o bolo e o afeto
esta na hora de partir outra vez
de abandonar o barco
que naufragou no vento
de botar meu galo
pra brigar noutra rinha
de frequentar outra penitenciaria
enfim
existir não possui arrego
e quem puxa as rédeas do cavalo
não consegue entender o assovio
da carne viva ...

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