quinta-feira, 21 de maio de 2015

a familiar fofoca dos fungos

saudade de tão sintomática
pode ate virar patologia
estou escrevendo
em noite chuvosa pelo litoral da bahia
minha filha dorme
repousa na cama ao lado
meus olhos ardem
com o brilho da tela que não acentua nenhuma palavra
existir nao carece de literatura
quando primitiva a vida
nada pragmatica
transborda ...
o silencio glorifica
sem atestado de conduta
o sonho
infante
sem pensar nas agruras
presenteia-me
amor
o impossivel
nenhum deles estavam certos
tartaruga nao sabe fazer curva
arara tampouco gosta de antena
ha ventos que aliviam o peso
o velajar da jangada
a solidao de um marujo
supostamente enganado
todavia rimbaud seria ridiculo
se no aquario da historia continuasse
artaud jamais desfilaria com lagostas amarradas numa corrente
feito nerval pelas ruas de paris
sua crueldade era outra
personagem
a margem
contraditoria
o mito
mente
poucos escutam o oxigenio da mata
descascar uma laranja
armar uma ratoeira
esperando a fome do rato
outrora foi poesia nos para-raios do peito
caixad'agua no diluvio da prosa
imagino
a matematica dos mouros
um exilio espontaneo
a familiar fofoca dos fungos
a ilusao plural dos fatos
a fanfarra singular dos laudos
temos novas fotografias
por que vou sair pelos fundos
feito funcionario duma industria falida
que não se importa com minha sensibilidade
sei ignorar a missa
o porvir
as cores que voltam
doar meu sangue
para os despropósitos da fauna

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