terça-feira, 19 de maio de 2015

um blinde ao ego universal deste gozo

sim - trepei - vez enquando ainda trepo com estes defuntos:
jorge de lima - mario de andrade - campos de carvalho - henry miller -
blake - bukowski - celine - cioran - rimbaud - artaud - huidobro -
hilst - nerval - lautreamont e ate com o fantasma de mim mesmo
um blinde ao ego universal deste gozo
so que na real tiro vida das pedras
dos empregos vagabundos que arranjei
no olhar dos caes vira-latas que cruzam meu caminho
por que em cada rosto sofrido que a mim se apresenta
encontro algo latejante como se fosse uma vertiginosa verdade virulenta
nunca sei ao certo o que devo fazer
se atendo o telefone que toca ou se desligo
jamais trago decisoes na ponta da lingua
sou inseguro pra ser livre
caminhei por varios lugares e ate perdi alguns dentes
estive em cuba tendo como cicerone pedro juan gutierres
em sao paulo bebendo vodka com roberto piva
li minhas pregas da boca pra cada poste da augusta
e tomei muita pinga com mendigo nos arcos da lapa
mandei a merda o patua dos editores de toda e qualquer confraria
agora neste meu quarto de despejo
recebo da vida sua homenagem
o beijo doce daquela porrada
o transe tempestuoso de nenhuma nuvem cigana
so esta felicidade clandestina sem os otimistas me encherem o saco
estais compreendendo a escritura literato miope
isso nunca foi comico
guardei a bicicleta dentro do quarto
os livros no plastico e sai sem destino afim de contemplar outra paisagem
concordo perfeitamente com chinaski:
homens que passaram por universidades
são impotentes cavalos que ainda se acham garanhões
prostibulos - hospitais - prissoes
possuem mais poesia do que toda esta vidinha apagada cheia de vicios e monotona
daqui alguns segundos devo divagar uivando feito um lobo selvagem
eu que so quero morar no meio do mato
sem as virtuais asneiras que atrapalham minha alma romântica
essa dica define nada
mas definha se decompoe
feito casca de laranja no meio do barro
entao se queres escrever algo que realmente preste
habite sua solidao feito casa
sem as demais facilidades que oferecem todo condominio fechado
aprenda por tortuosas linhas que atalho tem mais beleza que estrada
que osso de avestruz
nunca foi osso de galinha
deixe rastro no chao
pegadas na caverna de um flutuante futuro
assim meu caro iniciado carregaras toda luminosidade do mar nos olhos
o semblante lascivo do demonio e seu capuz
cantaras como as sereias numa lingua hipnotica que ate albatroz se apaixona
depois deste mergulho chegara um vento misterioso em sua masmorra
trazendo o onírico mapa de sua fortuna imaterial
eis ai a senha cantada pelo sublime príncipe do real segredo
todavia
atabaques de fogo anunciarao
a musicalidade de seus versos
maracas embriagados
o ritmo incessante de sua prosa
voz alargando o oraculo
folhas de relva
no repouso das barbas milenares
devaneios que saciam a sede do bardo
na viagem só me mostram o quanto as pessoas
perderam a capacidade de se aventurar em tudo
despovoadas estao de fantasias
tudo passou a ser uma desculpa
alimentando a inercia
que corre atras do proprio rabo
mal levanta e ja reclama do carcere
sentimentalizando o surto

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